Novos

6/recent/ticker-posts

O perigo da doutrina da hiper graça



Introdução:

A doutrina da hiper graça tem se espalhado no meio cristão e levado muitos adeptos aos seus ensinamentos. Muitas igrejas têm crescido rapidamente quando investem suas pregações na ultra, mega, Power e hiper graça de Deus. Eliminam das mensagens tudo que fala do pecado, da culpa, do arrependimento e da Lei de Deus. Nessa mensagem, o homem não pode ser mais “contrariado” com o peso do pecado, porque, segundo eles, todo o peso da lei já passou e agora a graça é abundante a ponto de não considerar mais o arrependimento e perdão que faziam parte da velha aliança.

Desenvolvimento:

A hiper graça defende que Deus nos perdoa de todos os pecados do passado, do presente e do futuro e, desta forma, não somos mais responsabilizados por eles. Nesta perspectiva, não é preciso mais ficar pedindo perdão dos pecados porque já estão perdoados. Como assim? Não pedir perdão significa dizer que não está arrependido, se não se arrepende, então sua consciência não o acusa mais de pecado, se a sua consciência não o acusa mais de pecado, você não é nova criatura.

O pecado ofende a santidade de Deus independentemente do quão cruel seja o seu pecado. Deus não tolera o pecado a ponto de sacrificar seu filho por causa deles.

Jesus iniciou sua missão pregando o arrependimento. Mt 4:17 “Daí por diante, passou Jesus a pregar e a dizer: Arrependei-vos, porque está próximo o reino dos céus.” Nos estimulou a orar pedindo perdão. Mt. 6:12 “E perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós temos perdoado aos nossos devedores.”

Após a descida do Espírito Santo, Pedro, em sua primeira mensagem, prega o arrependimento pelos pecados cometidos. At 2:38 “Respondeu-lhes Pedro: Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo para remissão dos vossos pecados, e recebereis o dom do Espírito Santo.”

O Apóstolo João afirma que precisamos confessar nossos pecados. 1 Jo 1:9 “Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça.” A Bíblia toda fala sobre confessar e se arrepender dos pecados. Encobrir pecado e não pedir perdão é condenado nas Escrituras. PV 28:13 “O que encobre as suas transgressões jamais prosperará; mas o que as confessa e deixa alcançará misericórdia.”

Davi reconhece a necessidade de reconhecer os pecados e pedir perdão de todos eles. Sl 32:3-5 “Enquanto calei os meus pecados, envelheceram os meus ossos pelos meus constantes gemidos todo o dia. Porque a tua mão pesava dia e noite sobre mim, e o meu vigor se tornou em sequidão de estio. Confessei-te o meu pecado e a minha iniquidade não mais ocultei. Disse: confessarei ao Senhor as minhas transgressões; e tu perdoaste a iniquidade do meu pecado.”

O Espírito Santo nos conduz ao arrependimento e a pedir perdão. Arrepender-se e pedir perdão é algo bom e agrada a Deus. Rm 2:4 “Ou desprezas a riqueza da sua bondade, e tolerância, e longanimidade, ignorando que a bondade de Deus é que te conduz ao arrependimento?”

Arrepender-se e pedir perdão não é pesado, mas salvação. 2 Co 7:10 “'Porque a tristeza segundo Deus produz arrependimento para a salvação, que a ninguém traz pesar; mas a tristeza do mundo produz morte.”

Às cartas das igrejas de Apocalipse, manda os crentes se arrependerem e levarem o pecado muito a sério. Ap 2:5 “Lembra-te, pois, de onde caíste, arrepende-te e volta à prática das primeiras obras; e, se não, venho a ti e moverei do seu lugar o teu candeeiro, caso não te arrependas.” Ap 2:16 “Portanto, arrepende-te; e, se não, venho a ti sem demora e contra eles pelejarei com a espada da minha boca.” Ap 3:3 “Lembra-te, pois, do que tens recebido e ouvido, guarda-o e arrepende-te. Porquanto, se não vigiares, virei como ladrão, e não conhecerás de modo algum em que hora virei contra ti.” Ap 3:19 “Eu repreendo e disciplino a quantos amo. Sê, pois, zeloso e arrepende-te.”

Pedir perdão era prática dos grandes homens de Deus. Jó 1:5 “Decorrido o turno de dias de seus banquetes, chamava Jó a seus filhos e os santificava; levantava-se de madrugada e oferecia holocaustos segundo o número de todos eles, pois dizia: Talvez tenham pecado os meus filhos e blasfemado contra Deus em seu coração. Assim o fazia Jó continuamente.” Dn 9:5 “Temos pecado e cometido iniquidades, procedemos perversamente e fomos rebeldes, apartando-nos dos teus mandamentos e dos teus juízos.” Sl 38:18 “Confesso a minha iniquidade; suporto tristeza por causa do meu pecado.”

O confronto ao pecado é necessário

Pregadores da hiper graça consideram que viver se arrependendo e pedir perdão faz parte da velha aliança, como se fosse algo ligado diretamente à Lei de Deus. Para eles, pregar confronto ao pecado seria uma mensagem legalista. Isto torna os pregadores da hiper graça uma espécie de antinomianismo, ou seja, são contrários à Lei de Deus e defendem que tudo isso já passou.

Porém, segundo a Bíblia, o pecado é exatamente contrariar a Lei de Deus. 1 Jo 3:4 “Todo aquele que pratica o pecado também transgride a lei, porque o pecado é a transgressão da lei.”

Desde a criação do mundo, Deus estabeleceu padrões que devem ser seguidos em toda existência. Esses padrões revelam o caráter de Deus em toda a vida humana. Se existe padrão, existem regras. Essas regras estão expressas na vontade de Deus para o homem. Por isso, é impossível viver sem Lei. Deus tem sua vontade e padrão para ser seguido fielmente. Viver sem lei é viver por suas próprias paixões, e quem vive por suas paixões terá um fim muito triste.

A hiper graça entende que falar de lei de Deus é dar força ao pecado, por isso não se deve falar de regras ou vontade de Deus, mas se limitar à pregação da graça.

1 Co 15:56 “O aguilhão da morte é o pecado, e a força do pecado é a lei.” Estes nefastos pregadores sugerem que este versículo diz que falar da lei de Deus é dar mais força ao pecado. No final das contas, dizem eles, a lei é a causa do pecado, portanto, não se fala de lei para não resultar em pecado. Parecem sugerir que Deus é o culpado do pecado da humanidade quando deu leis para que fossem cumpridas. É como se a lei fosse um ato de maldição ou castigo para o homem.

É triste ver essas pessoas com esse tipo de pensamento em relação à lei de Deus. Essa lei é refletida nas Escrituras como boa para o homem. Rm 7:12 “Por conseguinte, a lei é santa; e o mandamento, santo, e justo, e bom”. Precisamos amar essa lei porque foi Deus quem nos deu. Sl 119:97 “Quanto amo a tua lei! É a minha meditação, todo o dia!”

A culpa do pecado nunca foi a lei de Deus, a motivação do pecado não é a lei. A culpa do pecado é do coração corrupto de todo ser humano. Os pecados estão escondidos dentro do coração até que a lei possa nos mostrar essa sujeira que está dentro de nós. A lei não faz nascer o pecado, mas faz aparecer o pecado. Rm 7:7 “Que diremos, pois? É a lei pecado? De modo nenhum! Mas eu não teria conhecido o pecado, senão por intermédio da lei; pois não teria eu conhecido a cobiça, se a lei não dissera: Não cobiçarás.”

Se alguém quer viver sem a Lei de Deus é porque não quer que seus pecados sejam manifestos. Para aqueles que desejam reconhecer seus pecados e pedir perdão por eles, a Lei é santa e boa. Devemos agradecer o fato de que a lei nos proporciona a reconhecer o pecado e pedir perdão por ele. Um pai que não coloca limites ao seu filho não o ama. Toda vez que um filho erra, a função do pai é chamá-lo à atenção, repreendê-lo e mostrar como deve obedecer às regras.

É um tremendo erro achar que a falta de leis e regras demonstra amor e graça. Pelo contrário, a falta de regras demonstra desprezo e indiferença.

Se não existe lei, não existe graça. A graça não é mostrada para pessoas que se acham dignas e que não possuem erros. A graça é mostrada para pessoas que sabem que estão erradas. A lei serve exatamente para isso, mostra o erro e faz com que a graça seja necessária. Sem lei, sem pecado. Sem pecado, sem graça. Aqueles que são contrários à Lei de Deus nunca alcançarão a sua graça.

E, assim, a lei age como óculos de grau. Um tal instrumento realmente não aumenta o número de pontos sujos numa roupa. Ele os torna ainda mais nítidos e os manifesta muito mais do que se poderia ver a olho nu. Semelhantemente, a lei aumenta o realce do pecado em toda a sua hediondez e ramificações. Quanto mais, à luz da lei de Deus, ela começa a ver sua pecaminosidade e debilidade pessoal, mas também dará graças a Deus pela manifestação de sua graça em Jesus Cristo. Resultado: onde o pecado aumenta, a graça também aumenta.[1]

Jd 4 “Pois certos indivíduos se introduziram com dissimulação, os quais, desde muito, foram antecipadamente pronunciados para esta condenação, homens ímpios, que transformam em libertinagem a graça de nosso Deus e negam o nosso único Soberano e Senhor, Jesus Cristo.”

Santificação

Necessitamos todo dia de santificação. Essa santificação é uma luta constante contra o pecado, luta contra as tentações, uma luta que não terá fim enquanto estivermos no mundo.

O Apóstolo João nos fala que pecamos, porém, não deve ser algo habitual na vida do cristão, mas acidental. O pecado habitual e o não arrependimento mostram atitudes de pessoas não convertidas. Convertidos devem mostrar sua nova vida, suas novas atitudes. Um verdadeiro salvo não ignora o pecado, antes se entristece por ele.

Pregadores da hiper graça difundem que o sentimento de culpa é prejudicial para o homem e isso não é bem-vindo no período da graça. Como assim? O homem não pode se sentir culpado? Essa é a pregação bíblica? Claro que não! O pecado deve gerar tristeza e desgosto a ponto de fazê-lo retroceder. Se o pecado não leva à tristeza, então não leva a arrependimento.

Defender a lei de Deus não é defender obras para salvação. É defender um caminho de santidade sem o qual ninguém verá a Deus. A lei não salva ninguém, ela tem o poder de condenar e confrontar o pecado. Mas por causa dessa condenação é que alguém terá a certeza de que necessita de Cristo. Sem a lei, os pecados não seriam evidenciados e, sem a evidência dos pecados, Cristo não seria necessário. Você só precisa de Cristo porque a lei assim o diz. Assim que voltamos a Cristo, teremos prazer de obedecer a seus mandamentos. Não para ser salvo, mas porque fomos salvos. Os salvos são aqueles que evidenciam os frutos dignos de arrependimentos.

Ef 2:8-10 “Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus; não de obras, para que ninguém se glorie. Pois somos feitura dele, criados em Cristo Jesus para boas obras, as quais Deus de antemão preparou para que andássemos nelas.”

No velho Testamento, a Lei condenava e não havia a quem recorrer. No novo testamento, a lei continua a condenar, mas agora temos a quem recorrer. Não houve mudança em relação à lei de Deus, apenas fomos apresentados à graça. Cristo resumiu a Lei sem a extinguir, amar a Deus e ao próximo é o que a lei requer de nós.

“Ora, amados, visto que temos tais promessas, purifiquemo-nos de toda a imundícia da carne e do espírito, aperfeiçoando a santidade no temor de Deus.” (2 Co 7.1)

“… Onde o pecado abundou, superabundou a graça (…) que diremos, pois? Permaneceremos no pecado, para que abunde a graça? De modo nenhum. Nós, que já morremos para o pecado, como viveremos ainda nele?” (Rm 5.20; 6.1,2).

“Segui a paz com todos, e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor” (Hb 12.14).

Se não há mais responsabilidade por nossos pecados, por que nos preocuparmos com uma vida santa e piedosa? Que propósito há na santificação?

Kevin DeYoung disse: “Será que os mais apaixonados acerca do Evangelho e pela glória de Deus não deveriam ser os mais dedicados na busca por santidade? “Quanto, porém”, Apocalipse 21.8 continua, “aos covardes, aos incrédulos, aos abomináveis, aos assassinos, aos impuros, aos feiticeiros, aos idólatras e a todos os mentirosos, a parte que lhes cabe será no lago que arde com fogo e enxofre, a saber, a segunda morte”. Não importa o que você professe, se você mostra desprezo por Cristo, entregando-se ao pecado – impenitente e habitualmente – o céu não é seu lar. Mas nosso fracasso em compreender corretamente a santidade do céu é outro fator significativo. Se o céu é um lugar de aceitação universal para gente relativamente boazinha, por que é que se deveria fazer do homossexualismo uma tempestade em copo d’água aqui na terra? Se você desgosta de um Deus santo agora, por que você haveria de querer passar a eternidade com ele? Se a adoração não lhe fascina agora, o que lhe faz pensar que lhe fascinará em algum futuro celestial? Se a impiedade é o seu deleite aqui na terra, o que lhe agradará no céu, onde tudo é limpo e puro? Você não seria feliz lá se você não é santo aqui. Ou, como disse Spurgeon, “seria mais fácil um peixe viver numa árvore que um ímpio no Paraíso.” (Brecha em nossa santidade / Kevin DeYoung).

E o castigo por causa do pecado? E o inferno?

A hiper graça ensina um Deus que tem incapacidade de mostrar juízo ou castigo. Distorcem a justiça apresentando uma graça incapaz de punir os pecados. Sugerem um Deus que não mais responsabiliza ninguém por seus atos, pois, todos já foram perdoados e não necessitam mais de nenhuma punição ou castigo. Um Deus que passa a mão na cabeça de todo mundo, que não chama ao arrependimento, e um Espírito Santo que não convence mais ninguém de seus pecados.

Dizer que Deus não nos responsabiliza pelo pecado é dizer que Ele é indiferente à nossa santificação. Quando pecamos, somos contristados por Deus para o arrependimento (2 Co 7.8-10). É Ele quem nos conduz à confissão.

Como Deus perdoará alguém que não se arrependeu? Ora! Se alguém peca e não se arrepende, Deus o julgará com justiça e com seu juízo. A graça alcançou a mulher pega em adultério “Nem eu tampouco te condeno”, mas a lei continua em sua vida: “Vai e não peques mais.”

A grande comissão de Cristo nos diz: Mt 28:19-20 “Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado. E eis que estou convosco todos os dias até à consumação do século.”

Não se trata apenas de pregar para as pessoas, mas de ensinar a guardar tudo o que Cristo disse, todas as suas palavras, todas as suas ordens e todo o mandamento. Não há graça sem ordem.

Em Atos 5, um casal foi punido severamente por causa do pecado. At 5:4-5 “Conservando-o, porventura, não seria teu? E, vendido, não estaria em teu poder? Como, pois, assentaste no coração este desígnio? Não mentiste aos homens, mas a Deus. Ouvindo estas palavras, Ananias caiu e expirou, sobrevindo grande temor a todos os ouvintes.” Onde podemos ver a hiper graça nesse episódio? O Deus de graça foi capaz de punir? Onde fica a graça nisso?

Na verdade, por causa desse episódio é que a graça fica mais evidenciada. Por causa da punição, Deus mostra sua graça ainda mais. Várias pessoas deveriam morrer, várias pessoas mentiram também, mas aprouve a Deus salvar a muitos da punição que cada um merecia. A graça é evidenciada nos salvos e a justiça evidenciada naqueles que serão punidos.

E o inferno? Onde fica na hiper graça? Se a hiper graça é verdadeira, como Deus irá mandar pessoas para serem punidas eternamente no inferno? A doutrina da hiper graça não se coaduna com a doutrina do inferno. Se não existe punição para pecados na nova aliança, por que haverá no mundo vindouro? Se não pregam sobre pecado e suas punições e consequências, por que não defender o universalismo? Já que Deus não pune, porque não salva logo todo mundo?  

O autor da carta aos hebreus pergunta se eles já haviam se esquecido “da exortação que vos admoesta como a filhos: Filho meu, não desprezes a correção do Senhor, nem te desanimes quando por ele és repreendido; pois o Senhor corrige ao que ama, e açoita a todo o que recebe por filho. É para disciplina que sofreis; Deus vos trata como a filhos; pois qual é o filho a quem o pai não corrija?” (Hb 12.5-7).

Deus não mudou

Deus não muda. O Deus do antigo testamento é o mesmo do novo testamento. A sua vontade, o seu caráter e suas Leis não podem mudar. Revogar uma lei significa mudar de ideia, isso não é coisa de Deus.

Sobre esse importante atributo, Deus disse através do profeta Malaquias: “Pois eu, o Senhor, não mudo; por isso vós, ó filhos de Jacó, não sois consumidos.” (Ml 3.6).

No pensamento da hiper graça, alguém que adulterar, não deve se arrepender e pedir perdão. Isso era da antiga aliança, isso causa pesar e sentimento de culpa. Logo, para eles, se alguém adultera, é melhor trocar de mulher do que o arrependimento.

É claro que todos nós sabemos que Deus nos perdoa de todos os pecados, mas para isso é preciso ter a consciência do erro e arrepender-se. Somente após todo o ciclo do arrependimento e perdão é que o crente se sentirá bem e não deverá ter mais pesar ou culpa. Mas antes disso, o pecado trará tristeza e pesar.

Considerações Finais

Para os teólogos e pastores que estão alertando sobre esse movimento de libertinagem como proposta disfarçada de liberdade cristã, o movimento pode colocar em risco o futuro do cristianismo e enganar milhares de pessoas.

Alguns sinais da heresia da hiper graça nas igrejas:

1.                Os pregadores nunca falam contra o pecado.

Por vezes, recriminam-se as pessoas que ousam insistir no assunto, classificando-as de “legalistas” e “fariseus” (Ef 4.25; Jo 3.20-21; 2 Tm 4.3).

2.                O pastor não incentiva sobre a santidade.

Na tentativa de atrair mais pessoas, tudo é feito para tornar os cultos mais agradáveis, em especial o sermão. Os ministros não tomam posição pública, nem ensinam os membros, sobre questões como aborto, homossexualidade, legalização das drogas, ou qualquer coisa que possa confrontar o público presente. Ignoram-se quaisquer tentativas de se estabelecerem ou cobrarem dos membros os parâmetros para uma vida de santidade (1 Ts 4.4,7; Hb 12.14; 2 Co 7.1; Jo 17.17).

3.                O Antigo Testamento é totalmente ignorado (2 Tm 3.16).

Nessas igrejas, o Antigo Testamento é tratado como um registro que não tem valor real com nosso estilo de vida moderno. Convenientemente, não se menciona os Dez Mandamentos nem as porções bíblicas onde Deus é mostrado como juiz (Ex 20.3-17; Sl 50.6; 75.7; 2 Tm 4.8).

4.                Pregadores em pecados abertos.

Se não há mais condenação, pecados como imoralidade sexual, ganância e embriaguez são tolerados (2 Tm 3.1-7; Ap 2.14, 20, 21). Seja para membros comuns ou pessoas em posição de liderança, isso não é “importante”, pois não refletiria o amor ao próximo e respeito pelas suas escolhas (Pv 28.13; Hb 10.26-27; Lc 13.26-28).

5.               Mensagens contra as igrejas tradicionais.

Os pastores que adotaram a hiper graça constantemente se voltam contra as igrejas mais “conservadoras”, pois acreditam que sua mensagem não é mais relevante para a cultura de hoje (1 Tm 3.15; Hb 10.25).

6.               Mensagens triunfalistas.

Dos púlpitos dessas igrejas ecoam apenas mensagens positivas sobre saúde, riqueza, prosperidade, o amor de Deus, o perdão de Deus e como se obter sucesso na vida (2 Tm 4.3). Não se menciona a existência do diabo ou de seus anjos. Deus ama a todos e cuida para que nenhum mal chegue perto deles.

7.                Não existe disciplina eclesiástica.

Os participantes de uma igreja da hiper graça serão convencidos que, por causa da forte ênfase na graça, tudo é permitido. Ou seja, nenhuma mudança real se espera deles, apenas que frequentem os cultos e sejam “pessoas melhores e mais felizes” (1 Co 10.32; At 20.28).

Conclusão:

Precisamos estar alertas a todas essas mensagens que entram sorrateiramente dentro das igrejas. Elas logo crescem e enriquecem, mas não transformam vidas que vivem longe do erro e aos pés de Cristo. Pense em uma plateia com Cristo, os Apóstolos, os crentes primitivos e perseguidos. Eles travaram lutas contra todo tipo de tentações e viveram uma vida de santidade e arrependimento. Será se essa plateia estaria em uma igreja da hiper graça? Escutariam sermões triunfalistas que afagam o ego?

A doutrina da hiper graça é a porta de entrada para o liberalismo teológico. Não existe nenhum grande teólogo que defenda essa ideia, pelo contrário, são pregadores da teologia coaching de mensagens motivacionais. A maioria das pessoas que apostataram de sua fé são pessoas que começaram a flertar com essa heresia. Começam a pregar com o fundo de pano da graça, passa a trafegar na libertinagem e por fim se encontram com o liberalismo.

Que Deus tenha misericórdia de nós!



[1] William Hendriksen, Romanos, org. Cláudio Antônio Batista Marra, trad. Valter Graciano Martins, 2a edição, Comentário do Novo Testamento (São Paulo, SP: Editora Cultura Cristã, 2011), 234.

Postar um comentário

0 Comentários