Novos

6/recent/ticker-posts

A teologia de Isaque e Rebeca


Introdução
:

Isaque e Rebeca são personagens centrais na narrativa bíblica, cujas vidas oferecem profundas lições teológicas e espirituais. Isaque, filho de Abraão e Sara, é um símbolo de promessa e fidelidade divina. Sua história de quase sacrifício reflete a confiança absoluta em Deus e a natureza do pacto entre Deus e Abraão.

Rebeca, por outro lado, é apresentada como uma mulher de notável fé e determinação. Escolhida por Deus para ser a esposa de Isaque, sua história começa quando, em um ato de hospitalidade, oferece água ao servo de Abraão e aos seus camelos, um gesto que cumpre exatamente o sinal pedido pelo servo em oração. Este encontro, repleto de providência divina, marca o início de uma união que perpetua a linhagem patriarcal.

A relação entre Isaque e Rebeca também é marcada por desafios e provações, como a dificuldade inicial de Rebeca em conceber. Após vinte anos de casamento, suas orações são atendidas, e ela dá à luz os gêmeos Esaú e Jacó. Este evento não só cumpre a promessa de Deus de multiplicar a descendência de Abraão, mas também introduz a dinâmica complexa de rivalidade e favoritismo que permeia a vida da família.

Desenvolvimento:

A teologia de Isaque e Rebeca, portanto, não se limita apenas aos eventos de suas vidas, mas se estende às implicações espirituais e morais de suas ações e escolhas.

Apesar destes dois personagens serem grandes nomes na história da redenção, tiveram seus momentos de falhas que deixaram marcas. Seus erros foram frutos de pensamentos errados, má interpretação da palavra de Deus e seus caprichos em realizar suas vontades.

Vamos analisar alguns desses erros como fontes de uma má teologia do casal e como tem influenciado nas maiorias das igrejas.

1.       Fraco entendimento da soberania de Deus

Deus revelou a Rebeca durante a sua gravidez: "O mais velho servirá ao mais novo" (Gênesis 25:23). Esta mensagem divina indicava que Jacó, o mais novo, teria preeminência sobre Esaú, o primogênito. Isaque sabia disso, deveria ter criado seus filhos com essa consciência, ensinando o que Deus havia determinado para que estivessem preparados quando estivessem grandes. Porém, Isaque não levou isso em conta. A sua preferência por Esaú fez com que ele achasse que não era justo que Jacó ficasse com a bênção. Chegou a dizer que Jacó havia tomado a bênção, Gn 27:35 “Respondeu-lhe o pai: Veio teu irmão astuciosamente e tomou a tua bênção”. Tomou? Como assim? Onde fica Deus nessa história? Por acaso, não era essa a palavra de Deus?

A teologia Arminiana tem um fraco entendimento da Soberania de Deus. O que mais ouvimos dos arminianos é que Deus não é justo em escolher alguns em detrimento de outros. Deus, o criador de todas as coisas, o Soberano, o Senhor, não é justo ou não tem o direito de escolher conforme sua vontade. Para eles, o homem pode escolher à vontade, ir para o céu ou inferno, escolher Deus e rejeitá-lo, mas Deus não pode fazer isso, pois seria injusto. Como Jacó, que não achava justo o fato de Deus escolher o mais novo no lugar do mais velho, os arminianos não acham justo Deus escolher.  Não adianta o número de vezes que Deus falou que escolheu, elegeu, predestinou, nada disso adianta para aqueles que questionam a soberania do criador.

Por se acharem advogados de Deus, os arminianos tentam defender Deus de uma “injustiça” que eles próprios criaram em suas cabeças. Assim como Isaque, eles não querem deixar Deus “errar” em seus decretos.

Isaque preferiu tomar o controle da situação para abençoar a quem ele achava que deveria, assim, o arminiano tem o controle de escolher Deus no momento que quiser e bem entender. O arminiano tem um fraco entendimento da soberania e, por isso, não deixa Deus ser Deus.

2.       Pragmatismo

O pragmatismo é outra falha evidente na teologia de Isaque e Rebeca. O conceito de pragmatismo envolve tomar decisões com base em critérios práticos e imediatos, em vez de verdades absolutas.

Por gostar mais de Jacó, Rebeca não deixaria que Esaú fosse abençoado. Ela faria de tudo para que acontecer como Deus havia prometido.

Para que o plano de Rebeca desse certo, era necessário um emaranhado de mentiras. Mentiram para um velho cego usando o nome de Deus. Gn 27:20 “Disse Isaque a seu filho: Como é isso que a pudeste achar tão depressa, meu filho? Ele respondeu: Porque o Senhor, teu Deus, a mandou ao meu encontro”.

O resultado de tudo é que o plano de Rebeca deu certo e Jacó foi abençoado. Conseguiu o que queria e tudo estava acontecendo conforme o que Deus tinha dito.

A pergunta é: Os fins justificam os meios? O resultado atingido apagaria toda astúcia e plano mentiroso de Rebeca? Claro que não! Rebeca e Jacó pagariam caro por seus erros. Jacó foi jurado de morte, teve que fugir e nunca mais viu sua mãe.

As igrejas de hoje estão cheias de pragmatismos. Fazem de tudo para que a igreja fique lotada. Pregam um evangelho de autoajuda, minimizam a malignidade do pecado, utilizam-se da doutrina da hiper Graça. Os cultos são marcados por artimanhas que produzem efeito no cérebro dos ouvintes. Parede preta, luz apenas em quem fala, louvores intermináveis e apelativos. Tudo isso para conseguirem o resultado de encher a igreja.

A má notícia é que eles estão conseguindo seus resultados. As igrejas estão cada vez mais cheias. As pessoas gostam de ouvir pregações triunfalistas, mas nunca querem ouvir sobre a verdade de seus pecados.

Hoje temos pessoas profissionalizadas em estratégias de encher igrejas. A teologia do Coaching é uma das mais difundidas formas de pragmatismo na igreja contemporânea. Prometem sucesso, felicidade e prosperidade financeira como frutos da fé, substituindo a centralidade de Cristo e a mensagem da cruz por um evangelho centrado no homem. Os sermões Coaching são cuidadosamente desenhados para agradar, motivar e entreter, muitas vezes à custa da verdade bíblica.

Essa teologia trabalha com métodos extrabíblicos para alcançar seus objetivos. Isso ressoa fortemente com a cultura atual de imediatismo, mas falha em confrontar o pecado e a necessidade de arrependimento. Tudo isso produz uma gigantesca comunidade que chamam de igreja, mas produz um amontoado de pessoas sem nenhum alicerce espiritual e bíblico. Estas pessoas ficam nessas igrejas enquanto elas estiverem satisfazendo suas vontades e massageando seu ego.

Assim como Rebeca manipulou as circunstâncias para atingir seu fim desejado, muitos líderes religiosos hoje usam técnicas de marketing e psicologia popular para atrair e manter seguidores, comprometendo a pureza da mensagem cristã.

Na narrativa bíblica, vemos Rebeca recorrendo a esquemas pragmáticos para garantir que Jacó receba a bênção de Isaque, apesar da revelação divina que ela já havia recebido.

Ao vestir Jacó com as roupas de Esaú e cobri-lo com peles de cabra para enganar seu marido cego, Rebeca demonstra uma abordagem pragmática que ignora a soberania de Deus e as implicações morais de suas ações. Este ato de engano pode ter alcançado o objetivo desejado, mas comprometeu a integridade e a fé inabalável que deveriam guiar suas vidas. O episódio não só semeou discórdia e desconfiança dentro da família, mas também trouxe consequências duradouras, evidenciando que métodos pragmáticos não substituem a confiança e a obediência à vontade divina.

Este exemplo sublinha como o pragmatismo pode desviar os fiéis da verdadeira fé e da confiança na providência divina, levando-os a confiar em seus próprios métodos falíveis em vez de na orientação e sabedoria de Deus.

3.      Achar que os planos de Deus podem ser frustrados

É um erro comum entre aqueles que se esquecem da soberania divina. Rebeca e Jacó, ao recorrerem a métodos enganosos, demonstraram uma falta de fé na capacidade de Deus de cumprir suas promessas de modo justo e correto. Ao tentar manipular as circunstâncias conforme sua própria vontade, eles falharam em reconhecer que os planos de Deus são imutáveis e perfeitos, independentemente dos obstáculos aparentes.

A narrativa bíblica nos ensina que, mesmo quando os humanos tentam frustrar ou acelerar o cumprimento dos planos divinos através de suas próprias manipulações, Deus ainda é capaz de transformar essas ações em parte de Seu plano supremo.

No caso de Jacó, apesar dos métodos questionáveis utilizados para garantir a bênção, Deus continuou a trabalhar através da sua vida, levando-o a experiências que moldaram seu caráter e sua fé.

Este mesmo erro é cometido por aqueles que insistem em dizer que Deus deseja algo, mas não pode ser cumprido por causa das decisões humanas. Ou seja, a vontade de Deus é frustrada pelos homens. Desde a fundação do mundo, Deus estabeleceu um plano para ser integralmente cumprido, mas arminianos insistem que todo este plano poderá ser frustrado. Fica parecendo que Deus perdeu o controle e agora tudo vai depender daquilo que o homem fizer. Deus vira um expectador das ações humanas.

Essas pessoas conseguem dizer que Jesus chorou por Jerusalém porque sua vontade foi frustrada e não havia nada que Ele pudesse fazer. Dizem que Deus queria salvar Judas, mas não conseguiu. Queria salvar os moradores de Sodoma, mas como não conseguiu, os destruiu. Assim como os homens nos tempos de Noé. Tudo isso mostra que a todo momento a vontade de Deus vem sendo quebrada e O tornando triste por ser um Deus que não consegue fazer, sequer, sua vontade.

Todo plano de Deus, todas ações do mundo estão agora nas mãos dos homens. Deus é totalmente dependente daquilo que o homem faz.  

Essa era a teologia de Rebeca. Ela achava que o plano de Deus iria falhar. Ela tinha que fazer alguma coisa para não deixar Deus frustrado. No fundo, esse é o pensamento do arminiano.

Essa história é um lembrete poderoso de que a verdadeira fé envolve esperar pacientemente e confiar plenamente na sabedoria e no tempo de Deus. A tentativa de controlar ou forçar os resultados, embora possa parecer eficaz a curto prazo, geralmente leva a consequências adversas e à perda de paz e integridade espiritual. Ao confiar nos planos de Deus, os fiéis podem evitar os perigos do pragmatismo e encontrar segurança na providência divina, sabendo que Ele é fiel para cumprir Suas promessas de maneira justa e perfeita.

Conclusão:

Portanto, é fundamental que os crentes reconheçam a soberania absoluta de Deus e confiem que Ele está no controle, independentemente das circunstâncias. A teologia de Isaque e Rebeca nos lembra que os esforços humanos para manipular os planos divinos não apenas subestimam o poder e a sabedoria de Deus, mas também nos afastam da verdadeira essência da fé. Ao invés de tentar controlar os resultados, somos chamados a confiar pacientemente em Deus, permitindo que Sua vontade perfeita se desenrole em Seu tempo perfeito. Dessa forma, podemos viver com integridade e paz, sabendo que os planos de Deus são imutáveis e que Ele é sempre fiel para cumprir Suas promessas de maneira justa e perfeita.

Deus é soberano em tudo e toda sua vontade se cumprirá. Os fins jamais justificam os meios. Os resultados não devem ser medidos por números de ouvintes, mas pela qualidade destes. 

Postar um comentário

0 Comentários