Ex 32:14 “Então, se arrependeu o Senhor do mal
que dissera havia de fazer ao povo”.
Lendo esta passagem, algumas pessoas argumentam que Deus
pode mudar de opinião. Essa é uma tese defendida pela teologia relacional, a
qual afirma que Deus constrói o futuro à medida que as coisas acontecem.
Será que Deus queria destruir os israelitas e depois
decidiu não o fazer? A Bíblia diz: “Também a Glória de Israel não
mente, nem se arrepende, porquanto não é homem, para que se arrependa”
(1Sm 15.29).
O que podemos perceber com uma leitura atenta do texto é
que Deus nunca teve a intenção de destruir os israelitas. Sempre o plano de
Deus foi de salvar Israel.
Podemos perceber claramente que o texto nos mostra
características do que sempre foi a vontade de Deus. O fato de Deus mandar
Moisés descer mostra a verdadeira intenção. Deus não enviaria Moisés se
realmente quisesse destruir o povo. Na verdade, a intenção era fazer com que
Moisés intercedesse pelo povo.
Isso fica mais claro quando Deus afirma que os israelitas
eram povo de Moisés. Era sua família, a qual ele deveria interceder. Moisés era
seu representante espiritual perante Deus. Assim, se havia alguém que
poderia ajudá-los, esse homem era ele.
O que mostra a intenção de Deus mais visível está
registrado no versículo 10. Deus parece pedir a autorização de Moisés para
destruir o povo: “Agora, pois, deixa-me, para que se acenda contra eles
o meu furor, e eu os consuma”. Moisés era o mediador e encontrava-se entre Deus
e o povo.
Por que Deus diria isso, a não ser que quisesse que Moisés
continuasse a orar? Deus estava encorajando Moisés a se envolver, a interceder
por seu povo.
Brevard Childs: Deus promete a punição mais severa que
podemos imaginar, mas então ele, de repente, a submete a uma condição e à aprovação
de Moisés. “Deixa-me, para que eu os consuma.” O efeito é que
Deus deixa aberta a porta para a intercessão.
Em outras palavras, o que ele diz? Não abandone sua
negociação persistente, e eu não atacarei”. Como
comparação, lembre-se de como um pai frustrado tenta convencer um filho a
não espalhar suas coisas pela casa. “Vá, deixe seus brinquedos espalhados
pelo chão”, o pai diz. “Não tem problema – eu vou tirá-los de lá pessoalmente
quando colocar o lixo na rua.” O pai está falando sério? Os brinquedos
serão jogados no lixo? Bem, nenhuma criança tentará descobrir, e é
justamente isso que o pai quer. O pai está tentando fazer com que a
criança assuma sua responsabilidade pelos brinquedos – para salvá-los. Deus fez
a mesma coisa com o profeta. Ele usou a ameaça do julgamento para
incentivar Moisés a interceder.
Portanto, concluímos que a intenção de Deus sempre foi a
salvação de Israel. Deus não muda de opinião e não é homem para que se
arrependa.
Ex 32:32 “Agora, pois, perdoa-lhe o pecado; ou, se não, risca-me, peço-te, do livro que escreveste”.
O que o profeta quis dizer quando pediu que Deus
tirasse seu nome de seu livro? Em que livro estava pensando?
Alguns teólogos argumentam que esse texto faz referência ao
livro dos eleitos, escrito antes da fundação do mundo. Outros acreditam que
esse livro é apenas o registro geral dos vivos neste mundo. Sendo assim, ser
apagado significaria apenas a morte.
Davi, por exemplo, diz: “Os teus olhos me viram a
substância ainda informe, e no teu livro foram escritos todos os meus
dias, cada um deles escrito e determinado, quando nem um deles havia ainda”
(Sl 139.16).
No mundo antigo, os reis costumavam manter um registro de
seus súditos. Quando realizavam um censo, os nomes das pessoas eram
anotados. Quando morriam, seus nomes eram apagados.
Ezequiel se referiu a essa prática quando profetizou
em relação aos profetas falsos: “Não estarão no conselho do meu povo,
não serão inscritos nos registros da casa de Israel” (Ez 13.9; cf.
Is 4.3).
A resposta de Deus é clara. O verso 32:33 diz: “Então,
disse o Senhor a Moisés: Riscarei do meu livro todo aquele que pecar contra mim”.
Fica evidente que esse termo “Riscarei” se refere a tirar da existência
(matar), conforme Rm 6:23 “Porque o salário do pecado é a morte, mas o dom
gratuito de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus, nosso Senhor”.
O que este texto mostra é que Moisés estava disposto a
morrer por seu povo. Moisés estava disposto a morrer se Israel fosse
salvo. Isso mostra que Moisés estava começando a entender a estrutura
da salvação. Quando as pessoas pecavam, elas precisavam de um substituto. Moisés
estava começando a entender a doutrina da expiação.
Com isso em mente, ele começou a orar de uma
maneira como ninguém havia orado antes dele. Moisés estava se apresentando
como sacrifício de expiação, oferecendo-se a Deus como substituto pelo
pecado de Israel.
A oferta que Moisés fez deve nos lembrar das palavras
de Jesus Cristo, que disse: “Eu sou o bom pastor. O bom pastor dá
a vida pelas ovelhas” (Jo 10.11). Jesus disse também: “Ninguém tem maior
amor do que este: de dar alguém a própria vida em favor dos seus amigos”
(Jo 15.13). Moisés era um bom pastor: ele estava disposto a entregar sua
vida por suas ovelhas. E ele tinha o maior amor de todos: ele
morreria por seus amigos.
Portanto, diante das exposições acima fica claro que Moisés estava colocando sua vida em lugar de Israel. Para Deus destruir Israel precisaria matar Moisés. Sendo assim, esse texto, em hipótese nenhuma, está fazendo referência à perda de salvação de Moisés, mas à possibilidade dele morrer para salvar seu povo.
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