A Santidade na prática
Efésios 4:25-29
Introdução:
Sempre dissemos que remar contra a maré é bastante complicado. Andar para
o lado oposto a uma multidão é quase que impossível.
Querer viver uma vida procurando sempre cumprir os mandamentos do Senhor
neste mundo não é menos difícil.
Viver em santidade em um mundo como este, corrompido que tenta lhe atrair
para o pecado é exatamente o que chamamos de remar contra a maré.
O processo de santificação é bastante difícil atualmente. Não é fácil se
manter fiel no meio de infiéis. Não é fácil se manter puro no meio de
corrupção.
Estamos em um mundo em que a verdade não é mais absoluta e cada um tem
sua verdade. Vivemos em um mundo onde se fazer o certo muitas vezes é ser
careta e antiquado.
O que está na moda são as coisas erradas. Como se manter fiel?
Desenvolvimento:
Paulo neste texto vai explicando à igreja de Éfeso que para se viver uma
vida digna do evangelho e em busca de santidade precisamos deixar as práticas
antigas do velho homem.
Nós que fomos convertidos pelo Senhor precisamos ter novas práticas de
vida. Temos que esquecer o modo como vivíamos antigamente e agora viver uma
vida nos caminhos de Cristo.
Andar segundo os gentios ou segundo o mundo faz parte de nossa vida
passada. Diz Paulo neste texto (Versos 17 e 18) que antes nós andávamos na
vaidade dos nossos pensamentos, obscurecidos de entendimento e alheios a
vontade de Deus.
A nossa vida antes da conversão era uma vida distante de Deus porque
vivíamos sem se preocupar com aquilo que Deus queria e alheios à sua palavra.
Agora, conhecedores da verdade, abandonamos o nosso antigo modo de viver.
Passamos a viver uma nova vida. Agora nós entendemos a verdade da vida e da
salvação que Cristo nos oferece.
Verso 22 "Quanto ao trato passado, vos despojeis do velho
homem, que se corrompe segundo as concupiscências do engano".
A verdadeira conversão leva ao abandono das práticas mundanas passadas.
Estas práticas eram quando nós não entendíamos. Verso 24 "E vos
revistais do novo homem, criado segundo Deus, em justiça e retidão procedentes
da verdade".
A conversão só acontece quando existe mudança de atitudes em relação às
coisas de Deus. Antes vivíamos alheios à vontade de Deus, agora eu faço as
coisas segundo a vontade de Deus.
Por isso nós nos despojamos do velho homem para nos revestirmos de novas
práticas. Para Paulo não bastava apenas abandonar as velhas práticas, mas a
conversão consiste também em ter novas atitudes.
Se ficarmos apenas com a forma negativa (não, não e não) seremos
semelhantes aos legalistas. Por isso é preciso ter novas atitudes de vida.
Todos os dias precisamos dizer não ao pecado e sim para a palavra de
Deus.
No texto que lemos, Paulo dá quatro exemplos de contraste entre aquilo
que praticava o velho homem e aquilo que precisamos praticar depois da
conversão.
É interessante notar que Paulo sempre dá uma razão para estas novas
práticas. Elas não são em vão ou sem entendimento, mas tem sempre uma razão
ótima para serem feitas.
Estas práticas nós faremos não para tentar ter algum mérito na salvação,
mas fazemos porque já fomos salvos por Cristo, por isso temos que demonstrar
com atitudes de uma nova vida.
Não à mentira e sim para verdade
Verso 25 "Por isso, deixando a mentira, fale cada um a
verdade com o seu próximo, porque somos membros uns dos outros".
Existem várias maneiras de mentir. Falsear a verdade, dizer a verdade em
parte, ficar calado quando se devia falar. Todas elas condenadas pela palavra
de Deus.
Não existe nenhuma exceção para mentira. Mesmo que se tenha que escolher
um mal menor com a mentira, ela é pecado. A mentira existe pelo medo do que a
verdade possa trazer.
E esse medo da verdade leva ao engano e à desconfiança no que Deus pode
fazer. Na Bíblia a mentira é sempre atribuída ao diabo. É por isso que ele é
chamado de pai da mentira.
Quando Paulo diz para deixar a mentira, isso nos dá ideia de que a
mentira era uma prática comum e que agora deveria ser abandonada. Olhando para
hoje isto não é diferente.
A mentira continua sendo uma prática comum da nossa sociedade. Vivemos em
um país conhecido pelo "jeitinho brasileiro". Dá-se um jeito para
tudo com a mentira.
A mentira lhe tira de situações embaraçosas rapidamente. Não quer
trabalhar, arruma-se um atestado falso. Não quer falar com alguém ao telefone,
inventa que não pode atender.
Não pode criar uma conta no Facebook, inventa uma idade. Ficou dormindo e
não foi para a EBD, diz que adoeceu. Paulo nos diz que essa prática tem que
ficar no passado.
Não pode mais fazer parte de nossa vida. Porém, Paulo continua e nos diz
que não basta parar de mentir, mas devemos falar somente a verdade. Talvez
parar de mentir seja até fácil.
Duro mesmo é começar a dizer somente a verdade. Não gostamos de dizer a
verdade, pois, muitas vezes pode significar um confronto. A franqueza não é
mais uma qualidade, mas defeito.
Muita gente não quer ouvir a verdade, mas ela precisa ser dita. Esta é
nossa nova vida. É claro que tudo em amor. A verdade dita para edificar porque
somos membros uns dos outros.
Será que temos verdades escondidas em nossos corações que precisam ser
ditas? Será se teríamos algo a dizer se fizéssemos um acordo de hoje cada um
falar a verdade com seu próximo? Será que precisamos consertar alguma mentira
que estamos vivendo?
Se ainda fazemos tais práticas, é porque ainda não abandonamos o velho
homem.
Não para a mágoa e sim para a ira santa
Verso 26-27 "Irai-vos e não pequeis; não se ponha o sol sobre a
vossa ira, nem deis lugar ao diabo".
Aqui Paulo fala que não podemos pecar, mas podemos nos irar. Que ira é
essa que Paulo está falando que podemos ter?
A ira que o Apóstolo Paulo está falando aqui em contraste ao pecado é a
justa indignação pela afronta feita às coisas de Deus.
É ficar realmente incomodado e chateado quando vemos o nome de Cristo
sendo blasfemado. Também indignado quando uma pessoa está sendo injustiçada,
maltratada.
Quando a verdade está sendo escondida. Estas irregularidades não podem
ser aceitas por nós como se nada estivesse acontecendo.
Não podem acontecer sem que desperte em nós algum interesse em mudar
aquela situação. A ira santa ela não foca em mim, mas nas coisas de Deus e em
seus mandamentos.
É indignar-se com a corrupção, com a falta de moral, a falta de verdade,
a fome, a miséria. O cristão deve ser uma pessoa com essa indignação (ira
santa).
Pois quando falta esta ira nós ficamos calados e aceitamos as coisas como
estão. Existe lugar para uma ira justa em nossa vida.
Na verdade, é uma ordem de Paulo que, se não tivermos esta ira, nós
estaremos desobedecendo. O contraste que Paulo fala é para que esta ira não se
transforme em pecado.
Não devemos reagir com a mesma moeda da injustiça. Não podemos ter
sentimentos de vingança, mágoa, ódio.
Isto é muito fácil de acontecer. Sabendo disto, Paulo nos exorta para que
esta indignação não passe de um dia para o outro.
O Apóstolo sabe que se guardarmos estas coisas por muito tempo ela pode
acabar em mágoa e ressentimento a ponto de nos fazer pecar.
O que Paulo quer dizer é que podemos ficar indignados quando alguém faz
algo contra nós, porém, se guardamos isto no coração ela vai virar mágoa e
desejo de vingança.
Às vezes nossa ira começa com uma justa indignação que ao passar do tempo
vai se transformando em pecado exatamente porque, com este tempo, nós damos
lugar ao diabo.
Quando deixamos as coisas mal resolvidas e o tempo vai passando, isso vai
se transformando em uma oportunidade grande para que satanás comece a
trabalhar.
Ele vai usar cristãos ofendidos, magoados e ressentidos para fazer a
destruição da igreja. Cristãos ressentidos são presas fáceis para o inimigo.
Não para o roubo e sim para o trabalho
Verso 28 "Aquele que furtava não furte mais; antes,
trabalhe, fazendo com as próprias mãos o que é bom, para que tenha com que
acudir ao necessitado".
Talvez este contraste seja o mais fácil para dizermos que estamos na
linha. Quando falamos neste assunto vem logo em nossas cabeças a frase "eu
nunca roubei".
Infelizmente eu tenho que dizer que o roubo é mais comum. É algo que
muitos que se dizem servos de Cristo pratica.
Não é à toa que existe um mandamento para isto e não é à toa que Paulo
nos adverte aqui neste texto. Existe o roubo de direitos autorais. Fazendo
cópia daquilo que não pode (pirataria).
Roubo dos impostos. Tomar emprestado e não devolver. Várias são as
situações que nos leva a categoria de ladrões. Por isso Paulo diz que estas
práticas ficaram para trás.
Ficaram com o velho homem e agora somos novas criaturas que servem a
Cristo. Paulo também nos afirma que não basta deixar de furtar, mas o oposto
deste contraste é que devemos trabalhar.
É claro que no país que vivemos, nem sempre conseguiremos emprego. Não
devemos nos acomodar a ponto de não querer trabalhar, mas está sempre em busca
de não ficar parado.
Também, a falta de trabalho nunca pode ser desculpa para o furto. Uma das
motivações do trabalho que Paulo apresenta é exatamente que com trabalho nós
podemos ajudar ao necessitado.
É quase impossível no mundo de hoje encontrar alguém que olhe para o
trabalho dentro desta perspectiva.
Queremos trabalhar para comprar um carro, para comprar uma casa, ficar
rico, poder viajar, casar. A ética de Cristo mostra que devemos trabalhar para
ter como ajudar o próximo.
Falar isto para um mundo egoísta como nosso é maluquice. Nossa sociedade
tem formado jovens egoístas que só pensa na sua carreira e na sua profissão.
A motivação que Paulo nos dá é uma motivação elevada, que visa os céus e
que pensa nos outros.
Não para palavra torpe e sim para palavras que edificam
Verso 29 "Não saia da vossa boca nenhuma palavra torpe, e
sim unicamente a que for boa para edificação, conforme a necessidade, e, assim,
transmita graça aos que ouvem".
Quando Paulo nos admoesta para não falarmos palavra torpe, ele está
dizendo para não falarmos palavras inúteis, ou fúteis, que não edificam. O
contraste vai nos dizer exatamente isto.
Não falar palavra torpe, mas palavras que sejam boas para edificação.
Pode estar incluso aqui o palavrão, mas o conceito é bem mais abrangente.
A advertência é contra falar mal do próximo, não passe adiante algo que
você não tem certeza. A advertência é contra o fuxico e contra toda palavra que
não edifica.
O cristão convertido deve abandonar estas conversas inúteis e procurar
falar aquilo que edifica, que produza amor, paz e harmonia.
Quando conseguimos controlar nossas línguas para isto, com certeza
teríamos relações diferentes e igrejas diferentes.
Paulo termina dizendo que nossas palavras devem transmitir graça aos que
ouvem. Esta deve ser nossa conversa. Nossas rodas de bate-papo. Nossas trocas
de mensagens.
Conclusão:
Estas são quatro situações que enfrentamos em nossas vidas. Paulo não
escolheu estes contrastes em vão, mas porque conhece a natureza humana.
Sabe de como é difícil se viver de modo santo e pronto para praticar
estas coisas. Se formos honestos conosco, com certeza nos veremos dentro destes
contratastes de Paulo.
Lutando contra a mentira, a mágoa, o ressentimento, contra o roubo,
palavras sujas, calunias, fofocas e que não edificam.
Se realmente nos convertemos, temos que dizer não a estas coisas. Elas
fazem parte de nosso passado, quando não tínhamos conhecimento.
Agora somos homens e mulheres que vivem na verdade. Pessoas que vivem
indignados contra a injustiça, mas que não pecam e que não vivem ressentidos.
Homens e mulheres que vivem trabalhando com a intenção de ajudar o
necessitado e pessoas que transmitem graça com suas palavras.
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