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Deus deseja que todos sejam salvos?

 

Deus deseja que todos sejam salvos?

Salmos 115.3 “No céu está o nosso Deus e tudo faz como lhe agrada”.

 

Introdução:

Sabemos que Deus faz tudo que quer e que nada pode impedi-lo de cumprir Seus propósitos. Logo, se o plano dEle para a humanidade fosse levar todos os homens à salvação, Ele assim faria e nada impediria Sua vontade.

1.           Deus faz tudo o que quer;

2.           Nem todos serão salvos;

3.           Logo, Deus não quer salvar todos.

Assim, aquele que discordar da afirmativa 3 só terá motivos para isso se considerar ou o ponto 1 e/ou o ponto 2 como errados.

No primeiro caso, estamos tratando com alguém que nega a Onipotência de Deus; no segundo estamos tratando com um universalista – e em ambos os casos, temos estamos tratando com um herege.

Se Deus queria que todos fossem salvos, por que Ele criou um mundo com livre-arbítrio? Se o propósito de Deus é a salvação de todos, ele poderia ter criado os homens literalmente impecáveis – assim como será nos céus.

Então, se Deus deu um poder de decisão para o homem, essa é uma grande prova que Ele não desejava que todos fossem salvos. Então:

1.           Deus sabia que nem todos seriam salvos se Ele entregasse o livre-arbítrio para o Homem;

2.           Deus entregou livre-arbítrio ao Homem;

3.           Logo, Deus não quer salvar todos.

Desenvolvimento:

Muitos ficam fortemente escandalizados quando estão frente a declarações como estas. Somos acostumados a pensar que o Plano Áureo de Deus no universo é o benefício do homem.

Por exemplo, muitos daqueles que pregam sobre missões tentam motivar as pessoas com uma paixão pelo homem, ao invés de uma paixão por Deus.

John Piper: “As missões não representam o alvo fundamental da igreja, a adoração sim. As missões existem porque não há adoração, ela sim é fundamental, pois Deus é essencial e não o homem”.

Isaías 48:11 “Por amor de mim, por amor de mim, é que faço isto; porque como seria profanado o meu nome? A minha glória, não a dou a outrem”.

Essas são palavras fortes. Se é por amor dEle próprio que Deus age, como podemos pôr os homens como o fim principal das ações do Senhor?

Um texto que mostra de um modo claro como o propósito final de Deus não é salvar o maior número de pessoas possível é Mateus 11:

“Ai de ti, Corazim! ai de ti, Betsaida! porque, se em Tiro e em Sidom fossem feitos os prodígios que em vós se fizeram, há muito que se teriam arrependido, com saco e com cinza. […] E tu, Cafarnaum, que te ergues até aos céus, serás abatida até aos infernos; porque, se em Sodoma tivessem sido feitos os prodígios que em ti se operaram, teria ela permanecido até hoje” (v. 21,23).

No texto citado, Jesus diz que se milagres tivessem ocorridos em Tiro, Sidom e Sodoma, eles teriam se arrependido e o julgamento não teria sido necessário. Deus sabia o que fazer para eles crerem e Ele não fez.

Vejamos a explicação de Jesus para o porquê de ele usar parábolas:

E ele disse-lhes: A vós vos é dado saber os mistérios do reino de Deus, mas aos que estão de fora todas estas coisas se dizem por parábolas, para que, vendo, vejam, e não percebam; e, ouvindo, ouçam, e não entendam; para que não se convertam, e lhes sejam perdoados os pecados (Mc 4:11,12).

Creio que não podemos entender isto satisfatoriamente se não tivermos em mente que o propósito final de Deus não é o homem, mas Ele próprio. Deus fará tudo para o louvor de Sua glória (Ef 1:6,12,14) e não para que o homem seja beneficiado.

O problema é que pensamos que Deus deveria, sim, salvar aqueles homens e muitos outros que existiram no mundo. Como pode Deus deixar que homens pereçam se Ele podia salvar quem Ele bem entender? Isso não seria injusto ou malévolo?

Deus tem toda a sabedoria: Ó profundidade das riquezas, tanto da sabedoria, como da ciência de Deus! Quão insondáveis são os seus juízos, e quão inescrutáveis os seus caminhos! Porque quem compreendeu a mente do Senhor? Ou quem foi seu conselheiro? Ou quem lhe deu primeiro a ele, para que lhe seja recompensado? Porque dele e por ele, e para ele, são todas as coisas; glória, pois, a ele eternamente. Amém (Rm 11:33-36).

Como podemos questionar ou acusar a Deus? Ele age como acha melhor para Seu Supremo propósito e nós, como seres desconhecedores dos intentos de Deus, não podemos questioná-lo.

“Tu, porém, me dirás: De que se queixa ele ainda? Pois quem jamais resistiu à sua vontade? Quem és tu, ó homem, para discutires com Deus?! Porventura, pode o objeto perguntar a quem o fez: Por que me fizeste assim? Ou não tem o oleiro direito sobre a massa, para do mesmo barro fazer um vaso para honra e outro, para desonra? Que diremos, pois, se Deus, querendo mostrar a sua ira e dar a conhecer o seu poder, suportou com muita longanimidade os vasos de ira, preparados para a perdição?” (Rm 9:19-22).

Nossos padrões de justiça não podem ser aplicados a Deus. Se nós tivéssemos a oportunidade de salvar alguém da perdição do Inferno e não o fizéssemos, estaríamos cometendo um pecado terrível. Isso é certo. O erro está em tentar aplicar isto a Deus.

Sabemos que o Senhor manda que não nos vinguemos, mas Ele vinga-se; Ele manda que não matemos, mas Ele mata; isso seria hipocrisia? Logicamente, não.

Ele não é um homem nos dando regras que Ele próprio não segue, Ele é um Deus Soberano que não tem nossa mesma natureza e, por isso, vive em padrões que não podemos viver.

Resumindo: Deus não salva todos porque a salvação dos homens não é Seu propósito final. Sua glória é o propósito final de tudo.

Assim, Ele planeja manifestar Sua majestade tanto na salvação quando na condenação

Interpretando corretamente as Escrituras

Consideremos um exemplo bíblico. Quando Abraão demonstrou sua boa vontade em sacrificar Isaque, Deus disse, “Agora sei que temes a Deus” (Gênesis 22:12).

Seria errado negar a onisciência divina, baseado nesse verso, porque ele não está falando do quanto Deus sabe. Não tem nenhum interesse nesse tópico.

A declaração serve para reconhecer a demonstração da obediência de Abraão. Além disso, quando a Bíblia aborda o tópico do quanto Deus sabe, ela diz que ele sabe tudo (Hebreus 4:13, Jó 37:16, Isaías 46:10, etc.).

Preceito vs. Decreto

Devemos reconhecer a distinção entre o preceito divino e o decreto divino. O preceito de Deus é sua definição (do que é certo), e o decreto de Deus é sua determinação (do que vai acontecer).

Os Decretos de Deus são irresistíveis. Porém, os Preceitos de Deus são resistidos a todo instante. Deus não quer que tenhamos outros deuses além dEle. Mas isto é resistido por várias pessoas. Isso é visto em toda parte na Bíblia, e às vezes ambos aparecem no mesmo texto.

Gênesis 50:20

Vós, na verdade, intentastes o mal contra mim; [preceito]

Porém, Deus o tornou em bem, [decreto]

Ambas as partes da afirmação de José se referem à mesma ação. Era má conforme o preceito de Deus, mas boa conforme o decreto de Deus.

1 Samuel 2:25

Entretanto, não ouviram a voz de seu pai, [preceito]

Porque o SENHOR os queria matar. [decreto]

Por que estes filhos de Eli não ouviram o bom conselho de seu pai? A resposta do texto é “porque o SENHOR os queria matar”.

Atos 17:30

Notifica aos homens que todos, em toda parte, se arrependam. [preceito]

2 Timóteo 2:25

Na expectativa de que Deus lhes conceda não só o arrependimento para conhecerem plenamente a verdade. [decreto] 

Paulo fez ambas as declarações. Primeiro, Deus manda todos os homens se arrependerem. Isso se refere ao preceito de Deus, na qual ele define certo e errado, de forma que todos os homens devem se arrepender, e seria errado para eles se recusarem.

Então, o mesmo apóstolo disse que Deus é aquele que concede arrependimento, e ele pode ou não conceder.

Isso se refere ao decreto de Deus, na qual ele decide o que aconteceria, de forma que alguns homens obedeceriam ao preceito de se arrepender, e outros homens não obedeceriam.

Marcos 3:35

Portanto, qualquer que fizer a vontade de Deus, esse é meu filho, irmã e mãe.

1 Pedro 3:17

Porque, se for da vontade de Deus, é melhor que sofrais por praticardes o que é bom do que praticando o mal. 

A “vontade” de Deus em Marcos 3 se refere ao preceito divino. Se refere ao que Deus define como certo, e não ao que ele decide que vai acontecer.

Por outro lado, a “vontade” em 1 Pedro 3 se refere ao decreto divino. Se referem ao que Deus decide que vai acontecer, e não ao que ele define como certo. Isso mostra que a Bíblia usa o termo ou a ideia de dois jeitos diferentes, com dois diferentes significados.

Em Atos 4.27-28 Lucas expressa seu entendimento da soberania de Deus: “Verdadeiramente se ajuntaram nesta cidade contra o teu santo Servo Jesus, ao qual ungiste, Herodes e Pôncio Pilatos, com gentios e gente de Israel, para fazerem tudo o que a tua mão e o teu propósito predeterminaram.”

A morte terrível de Cristo foi vontade e obra de Deus Pai. Entretanto, os sofrimentos de Cristo “não poderiam acontecer senão por meio de pecado. É óbvio que Deus quer obediência à sua lei moral.

Portanto, sabemos que não era a “vontade de Deus” que Judas, Herodes, Pilatos, os soldados gentios e a multidão de judeus desobedecessem à lei moral de Deus por pecarem, entregando Jesus para ser crucificado.

Estes acontecimentos incluíam a traição de Jesus por Judas (Jo 13.18; Sl 41.9); o ódio que Jesus enfrentou por parte de seus inimigos (Jo 15.25; Sl 69.4; 35.19), o lançar sortes quanto à túnica de Jesus (Jo 19.24; Sl 22.18) e o perfurar o lado de Jesus (Jo 19.36-37; Êx 12.46; Sl 34.20; Zc 12.10).

João expressa sua teologia da soberania de Deus com as palavras “Isto aconteceu para se cumprir a Escritura”. Em outras palavras, os eventos não foram uma coincidência que Deus apenas previu, mas um plano que Deus propôs realizar.

Versículos utilizados contra nossos argumentos

Ez 18:23 “Acaso, tenho eu prazer na morte do perverso? – diz o SENHOR Deus; não desejo eu, antes, que ele se converta dos seus caminhos e viva?”

Ez 33:11 “Dize-lhes: Tão certo como eu vivo, diz o SENHOR Deus, não tenho prazer na morte do perverso, mas em que o perverso se converta do seu caminho e viva. Convertei-vos, convertei-vos dos vossos maus caminhos; pois por que haveis de morrer, ó casa de Israel?”

Estes versículos têm que ser analisados com outros da Bíblia, como 1Samuel 2.25 (filhos de Eli).

O resultado de colocarmos as duas passagens juntas é que, em um sentido Deus pode desejar a morte do perverso e, noutro sentido, pode não desejar.

Dt 28:63 “Assim como o SENHOR se alegrava em vós outros, em fazer-vos bem e multiplicar-vos, da mesma sorte o SENHOR se alegrará em vos fazer perecer e vos destruir”.

Assim, nos deparamos com o fato bíblico inevitável de que: em um sentido, Deus não tem prazer na morte do perverso (Ez 18) e, em outro sentido, ele tem (Dt 28.63; 1Sm 2.25).

Ezequiel 18 e 33 oferecem cerca de 30 versos - em cada capítulo - para nos mostrar o contexto. Ambos obviamente se referem ao preceito de Deus para as pessoas se arrependerem, que a sua “vontade” ou “prazer” não é pela morte do perverso, mas pelo seu arrependimento.

Eles não falam sobre o que Deus causa, mas eles falam sobre o que ele define como certo para as pessoas. Eles não falam da soberania divina.

1 Timóteo 2:4 “o qual deseja que todos os homens sejam salvos e cheguem ao pleno conhecimento da verdade”.

A intenção do apóstolo, aqui, é simplesmente dizer que nenhuma nação da terra e nenhuma classe social são excluídas da salvação, visto que Deus quer oferecer o evangelho a todos sem exceção.

Visto que a pregação do evangelho traz vida, o apóstolo corretamente conclui que Deus considera a todos os homens como sendo igualmente dignos de participar da salvação.

Ele, porém, está falando de classes, e não de indivíduos; e sua única preocupação é incluir em seu número príncipes e nações estrangeiros.

2 Pedro 3:9 “Não retarda o Senhor a sua promessa, como alguns a julgam demorada; pelo contrário, ele é longânimo para convosco, não querendo que nenhum pereça, senão que todos cheguem ao arrependimento.”

Qual é o antecedente de nenhum? É claramente “nós”. Será que “nós” se refere a todos nós humanos? Ou se refere a nós cristãos, o povo de Deus?

Pedro gosta de falar dos eleitos como um grupo especial de pessoas. Eu acho que o que ele está dizendo aqui é que Deus não quer que nenhum de nós (os eleitos) pereça.

Se esse é o seu significado, então o texto exigiria a primeira definição e seria mais uma forte passagem a favor da predestinação.

Conclusão:

Observação importante

Contanto que não seja intencionado como uma rejeição da soberania de Deus, não é errado pregar, “Deus quer que você se arrependa. Creia em Jesus e seja salvo!”. Não há negação da predestinação.

Quando eu digo, “Deus quer que você se arrependa” ou mesmo, “A vontade de Deus é que você confie em Jesus para te salvar”, eu declaro o preceito ou ordem de Deus para você.

A Bíblia geralmente fala nesse plano. Pedro pregou às pessoas, “Salvai-vos desta geração perversa” (Atos 2:40).

Já que a Bíblia mesma fala assim, e algumas vezes troca de um sentido para o outro, sem uma negação da soberania divina, não há nada de errado quando eu faço o mesmo.

Arminianismo

Os Arminianos afirmam que a razão pela qual nem todos são salvos é que Deus deseja preservar o livre arbítrio dos homens mais do que ele deseja salvar alguém. Mas isto não está fazendo uma distinção entre dois aspectos da vontade de Deus?

Por outro lado, a vontade de Deus é que todos sejam salvos (I Tm 2:5-6; II Pe 3:9). Mas também em outro sentido sua vontade é de absolutamente preservar o livre arbítrio. De fato, ele deseja a segunda mais do que a primeira.

Portanto, isto significa que os Arminianos também necessitam concordar que em I Tm 2:5-6 e II Pe 3:9 Deus não diz que ele deseja a salvação de todos de uma maneira absoluta e não qualificada – eles também necessitam concordar que os versículos fazem referência a um tipo ou a um aspecto da vontade de Deus.

Tanto Calvinistas como Arminianos, portanto, devem concordar que existe algo mais que Deus considera como mais importante que a salvação de todos: “Teólogos reformados dizem que Deus julga sua própria glória mais importante do que a salvação de todos, e que (de acordo com Rm 9) a glória de Deus é também promovida pelo fato de que nem todos são salvos.

Os teólogos Arminianos também dizem que algo é mais importante para Deus do que a salvação de todos os homens, a saber, a preservação do livre arbítrio dos homens. De maneira que no sistema reformado o mais alto valor para Deus é sua própria glória, e no sistema Arminiano, o mais alto valor para Deus é o livre arbítrio do homem”.

 

Pergunte-se se Deus se agradou do seu culto.

Devemos ter líderes irrepreensíveis e orar por eles.

A presença de Deus tem de nos trazer alegria, mas também zelo.

Quando o Pastor impetrar a bênção lembre-se do primeiro culto. Dos preparativos, da responsabilidade e da Glória do Senhor.


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