Salvação de criança
Um tema que causa preocupação em pais que perderam seus filhos muito cedo e que buscam respostas bíblicas para acalentar seus corações apreensivos.
Introdução:
A salvação de qualquer pessoa é um ato única e exclusivamente de Deus. Ele escolhe os moradores dos céus conforme sua própria vontade.
A salvação de crianças (sem idade de razão) parte do mesmo princípio. São salvas pela eleição divina. Deixo bem claro que as crianças não são salvas apenas por ser criança, mas passa pela escolha soberana de Deus. O meio utilizado para isto é a regeneração pelo sangue de Cristo derramado na cruz. A morte de Jesus alcança a todos os eleitos. Sejam os que morrem ou não antes da idade da razão.
Desenvolvimento:
A grande questão é: Todas as crianças ou apenas algumas são salvas?
Sabendo que é um assunto delicado e que não temos uma interpretação clara das Escrituras, tenho minhas razões para acreditar que TODAS AS CRIANÇAS QUE MORREM ANTES DA IDADE DA RAZÃO SÃO SALVAS.
1. Criança não tem capacidade de crer
Em Mc 16:16 Cristo diz: “Quem crer e for batizado será salvo; quem, porém, não crer será condenado”.
É certo que uma criança não possui capacidade de crer. Como poderíamos dizer que algumas crianças creem e outras rejeitam Cristo de forma voluntária? Isto não nos parece algo normal para uma criança. Seria condenar todas ao inferno porque não possuem capacidade de crença? NÃO!
O verso em questão está no contexto de pregação do evangelho. Isto, ou seja, a pregação é feita para pessoas que tem a capacidade de crer. Este texto não faz referência e, portanto, não pode ser usado para basear a salvação dos infantes.
2. A criança não possui obra de condenação
Ap 20:12 diz: “E os mortos foram julgados, segundo as suas obras, conforme o que se achava escrito nos livros”.
A Bíblia é clara em dizer que seremos julgados segundo as nossas obras. Estas obras são praticadas deliberadamente por pecadores. Sim, a criança nasce em pecado e em condenação. Porém, são alcançadas pelo sangue de Cristo e regeneradas.
As crianças não pecam deliberadamente enquanto não podem discernir o bem e o mal. Como diremos que uma criança quebrou um mandamento?
Is 7:16 diz: “Na verdade, antes que este menino saiba desprezar o mal e escolher o bem, será desamparada a terra ante cujos dois reis tu tremes de medo”.
Este texto bíblico deixa claro que existe uma idade que a criança passa a saber o que é bom e o que é mal.
3. A criança é padrão do reino dos céus
Mt 19:14 diz: “Jesus, porém, disse: Deixai os pequeninos, não os embaraceis de vir a mim, porque dos tais é o reino dos céus”.
Cristo fala claramente que o Reino dos céus pertence aos que são semelhantes às crianças. Logo, conclui-se que todos aqueles que têm o mesmo nível de inocência das crianças serão salvos.
Mt 18:3 diz: “E disse: Em verdade vos digo que, se não vos converterdes e não vos tornardes como crianças, de modo algum entrareis no reino dos céus”.
Para sermos salvos devemos nos tornar como crianças. Ou seja, devemos ter o nível de inocência de uma criança. Devemos fazer morrer nosso desejo carnal. A criança é o padrão.
4. São desculpáveis
Rm 1:20-21 diz: “Porque os atributos invisíveis de Deus, assim o seu eterno poder, como também a sua própria divindade, claramente se reconhecem, desde o princípio do mundo, sendo percebidos por meio das coisas que foram criadas. Tais homens são, por isso, indesculpáveis; porquanto, tendo conhecimento de Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças; antes, se tornaram nulos em seus próprios raciocínios, obscurecendo-se-lhes o coração insensato”.
Paulo nos fala que aqueles que tem conhecimento de Deus são indesculpáveis. Isto é, aqueles que obtiveram um grau de revelação adequado de Deus, não tem desculpa de não o adorar e glorificá-lo. Porém, há alguns que estão em um grau de inocência e não tem esse conhecimento de Deus. Se for o conhecimento da glória de Deus que faz alguém ser indesculpável de não o glorificar, então, podemos concluir que o não conhecimento de Deus não faz alguém ser culpado por não o glorificar. Portanto, as crianças não são culpadas de não honrar a Deus. Pois, elas não têm o conhecimento. Logo, conclui-se que Deus não deve mandá-las ao inferno, pois, elas têm a justificativa de não ter tido o conhecimento de Deus, e não ter tido a capacidade de adorá-lo e glorificá-lo.
Dt 1:38-39 diz: “Josué, filho de Num, que está diante de ti, ele ali entrará; anima-o, porque ele fará que Israel a receba por herança. E vossos meninos, de quem dissestes: Por presa serão; e vossos filhos, que, hoje, nem sabem distinguir entre bem e mal, esses ali entrarão, e a eles darei a terra, e eles a possuirão”.
5. Davi, um homem que conhecia Deus, provavelmente tinha esta percepção
2 Sm 12:23 diz: “Porém, agora que é morta, por que jejuaria eu? Poderei eu fazê-la voltar? Eu irei a ela, porém ela não voltará para mim”.
6. Propriedade de Deus
Mt 21:16 diz: “Ouves o que estes estão dizendo? Respondeu-lhes Jesus: Sim; nunca lestes: Da boca de pequeninos e crianças de peito tiraste perfeito louvor?”
A palavra perfeito nos dá a ideia de algo sem mácula, algo que é aprovado por Deus. Independentemente do que seja esse tipo de louvor, Cristo nos diz que a criança tem a capacidade de oferecer algo perfeito. Isto só pode ser realizado por pessoas que não tenham maldade deliberada. Pessoas que, por mais que tenham a mancha do pecado original, ainda não conhecem a maldade.
Ez 16:21 diz: “Mataste a meus filhos e os entregaste a elas como oferta pelo fogo”.
Deus censura o Seu povo por dar as suas crianças a Moloque, fazendo-lhes passar pelo fogo, e Ele diz em referência a estes pequeninos, "E mataste a meus filhos, e os entregaste a elas para os fazerem passar pelo fogo." Então, esses pequeninos, que morreram nos braços ardentes de Moloque como criancinhas, eram filhos de Deus.
7. Deus é bondoso demais para isto
Temos a compreensão que todos que forem para o inferno estarão lá por merecerem. Ninguém no inferno poderá dizer ou alegar que não fez nada para estar lá. Vai ser algo perceptível pelos moradores do inferno. Na verdade, é isto que causará a maior dor e choro: saber das oportunidades perdidas.
Porém, como um bebê que morre ainda na barriga da mãe vai reconhecer que está no inferno porque merece? Será que ele vai olhar sua vida e dizer que mereceu o inferno? Isto não parece nenhum pouco razoável.
Tenho certeza de que ninguém faria isto na terra. Então como pensar que Deus faria isto? Somos mais justos que Deus?
Conclusão:
Visto os argumentos apresentados, podemos concluir que as crianças são o modelo que todos nós devemos seguir para que possamos verdadeiramente trilhar o caminho preparado por Deus, e para que nossa fé seja justificada entre homens, como a verdadeira fé em Nosso Senhor Jesus Cristo. Se elas são um modelo a ser seguido, elas têm um lugar guardado no Céu, da mesma forma que aqueles que tentam ser como elas também possuem.
0 Comentários