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Vida ética e moral não salva

 

João 3:1-3 e 4:13-18


Introdução:


No terceiro capítulo de João, Jesus encontra um líder prestigiado (Nicodemus) do sistema civil e religioso.

No capítulo seguinte, encontra-se com uma mulher marginalizada.

Ambos os textos são bastante conhecidos.

Textos ensinados geralmente de forma separada.

Porém, deve haver um motivo para os dois encontros aparecerem um após o outro nesse Evangelho.

Analisar os dois encontros juntos nos ajudará a ver o que João está dizendo sobre a condição do pecado.


Desenvolvimento:


Vamos tratar primeiro do encontro de Jesus com a mulher marginalizada narrado em João 4.

Jesus estava viajando com seus discípulos e ao chegarem em Samaria, os discípulos se dispersam com o intuito de conseguir algo para comer.

Jesus está muito cansado e sedento.


Uma conversa extraordinária


Jesus é quem vai atrás da mulher para conversar.

Sempre é assim quando tratamos de salvação.

Uma conversa entre um homem e uma mulher é bastante comum, mas não naquela época.

A mulher teve um choque pelo simples fato de Jesus lhe dirigir a palavra.

Os judeus e samaritanos eram inimigos implacáveis.

Séculos antes, a maioria dos judeus fora exilada na Babilônia por seus conquistadores.

Alguns dos judeus que ficaram se casaram com cananeias e formaram uma nova tribo, os samaritanos.

Eles pegaram parte da religião judaica e parte da cananeia e criaram uma religião sincrética.

Por isso os judeus consideravam os samaritanos racialmente inferiores e hereges.

Esse é o primeiro motivo pelo qual a mulher se surpreende quando Jesus lhe dirige a palavra.

Além disso, tinha o fato de ser escandaloso um homem judeu falar com qualquer mulher estrangeira em público.

Cristo passa por cima de todos os divisores humanos, a fim de estabelecer uma conexão com ela.


Misericórdia e confronto


Jesus mostra-se misericordioso, mas ainda assim ele a confronta.

Mas faz isso de uma maneira gentil e habilidosa.

Ele diz: “Se soubesse quem sou, você me pediria água viva; e, se bebesse dessa água, jamais voltaria a ter sede”.

Jesus não está apenas dizendo que tem a oferecer algo que nos salva a vida.

Ele também está revelando que sua oferta satisfaz por dentro.

Ele diz: “Minha água haverá de se tornar uma fonte de águas em você jorrando para a vida eterna”.

Ele está falando da profunda satisfação da alma.

Uma alegria que não depende do que acontece em nosso exterior.


A esperança é Jesus


Muitos têm a esperança firmada na carreira profissional.

Alguns em uma causa social e alguns no dinheiro e nos benefícios que ele traz.

Entretanto, Jesus diz que não há nada fora de você capaz de satisfazer a sede existente no seu interior.

Por isso as poucas pessoas que de fato alcançam seus sonhos ficam chocadas ao descobrir que essas circunstâncias tão almejadas não satisfazem.

Na verdade, conseguem aumentar o vazio interior.

Todo o mundo tem de viver em função de alguma coisa.

Algo que diga para si mesmo que tem de tê-la ou não haverá amanhã.

Isso significa que, se algo impedir você ficará irado.

Se não conseguir alcançar essa coisa, jamais se perdoará.

A dúvida é: e se você alcançar e não lhe der a satisfação?

Mas Jesus argumenta que, se não for ele essa coisa, você se desapontará.


Nada no mundo dará vida plena


David Foster Wallace: “Todo o mundo adora. A única escolha que nos cabe é o que adorar. Se adorar dinheiro e bens, você jamais os possuirá em quantidade suficiente, jamais sentirá que tem o bastante. Adore o próprio corpo, a beleza e sempre se sentirá feio. Adore o poder e acabará se sentindo frágil e temeroso, necessitado de ainda mais poder sobre os outros para anestesiar o próprio medo. Adore seu intelecto, sendo visto como alguém inteligente, e acabará se sentindo estúpido, uma fraude, sempre prestes a ser descoberto. Olhe, essas formas de adoração são traiçoeiras não porque sejam más ou pecaminosas, mas porque são inconscientes”.

Jesus oferece algo que vai jorrar de seu interior. A satisfação que vem de dentro.

A mulher pergunta a Jesus: — Que água viva é essa? Podes me dar essa água?

Então ele vira a mesa e diz: — Vá buscar seu marido. Ao que ela responde: — Não tenho marido.

Tem razão — ele concorda. — Você já teve cinco maridos, e o homem com quem vive neste momento não é seu marido.

O que Jesus está fazendo?

O intuito de Jesus é humilhá-la? Não.

Por que Jesus parece mudar o assunto para a história da mulher com os homens?

Na verdade, Ele não está mudando de assunto. Ele fala daquilo que satisfazia a mulher.

Ele a provoca quando diz: “Se quiser compreender a natureza dessa água viva que ofereço, você primeiro necessita entender como a tem buscado”.

Vem tentando consegui-la por meio dos homens e não tem dado certo.

Sua necessidade de homens a está devorando, e isso nunca terá fim”.


Encontro com Nicodemus


Em João 3, ele se encontra com um homem muito importante, um fariseu, líder religioso e civil.

Aqui acontece quase o oposto de como Jesus tratou a mulher junto ao poço.

Ele começou muito afável com ela e então, pouco a pouco, confrontou-a.

Em seu encontro com esse homem prestigiado, no entanto, Jesus é mais vigoroso e direto.

Nicodemos começa com cortesia. Jesus, no entanto, confronta Nicodemos logo de início, declarando:

— Você precisa nascer de novo.

Um homem que passou a vida adorando a Deus de acordo com a tradição judaica, deve ter ficado ofendido.

Em Nicodemos encontramos alguém admirável.

Um homem bem-sucedido, disciplinado, correto e religioso, mas, mesmo assim, de mente aberta.

E o que Jesus diz?

Jesus o confronta não por sua busca de satisfação, mas pela sua autossatisfação presunçosa (“Você deve nascer de novo”).

A mulher foi confrontada porque buscava satisfação. Nicodemus porque achava que já tinha tudo.

O problema do homem é exatamente pensar que consegue sem Deus.

Ou buscando soluções nas coisas da vida ou em sua vida moral.

O que Nicodemus precisou fazer para nascer?

Teve de dar duro para conquistar o privilégio de nascer?

Aconteceu devido a um planejamento habilidoso da sua parte? Nada disso.

Você não merece nem contribui com nada para nascer. É um dom gratuito da vida.

O mesmo acontece com o novo nascimento.


A salvação é de graça


A salvação é pela graça; não há esforços morais capazes de ganhá-la ou fazer por merecê-la.

Você tem de nascer de novo.

Uma coisa espantosa de se dizer a um homem como Nicodemos.


Os dois encontros


Jesus está afirmando nestes dois encontros que prostitutas de rua se encontram na mesma posição que homens que se acham religiosos.

Aos olhos de Deus, ambos estão igualmente perdidos.

Ambos precisam começar do zero. Ambos têm de nascer de novo.


O pecado


Jesus está mostrando o entendimento do pecado mais profundo.

A maioria das pessoas veria a mulher como uma pecadora que necessitava de salvação.

Mas a maioria das pessoas não consegue entender o tratamento de Jesus ao prestigiado Nicodemos.

Por que ele haveria de ser visto como um pecador necessitado de salvação?


Salvação só em Jesus


Jesus mostra que o pecado é procurar a salvação em outra coisa que não Deus.

É se colocar no lugar de Deus, tornar-se o próprio salvador e senhor.

É agir como se sua vida decente e sua realização moral exijam que Deus o abençoe.

Se você acha que sua bondade contribui para sua salvação, você está sendo seu próprio salvador.

Está confiando em si mesmo.

Muitos não estão cometendo adultério, nem roubando ninguém.

Porém, seu coração poderá se encher de orgulho e justiça própria.

Nicodemos e a mulher samaritana são igualmente pecadores e necessitados da graça. Nós também.

Em todos os casos, eles tentam ser seu próprio salvador e senhor, procurando deixar Deus em dívida com você.

De um jeito ou de outro, Jesus chama isso de pecado.

Eles precisam arrepender-se, reconhecer sua necessidade, pedir a Deus que o receba.


Vida moral não salva


Imagine a viúva que tem um filho o qual cria sozinha, põe em boas escolas e até em uma boa universidade com grande sacrifício pessoal, pois são escassos os seus recursos. Enquanto tudo isso acontece, ela diz: “Filho, quero que você tenha uma vida correta. Quero que sempre diga a verdade, sempre trabalhe muito e cuide dos pobres”.

Depois de formado na faculdade, o rapaz parte para seguir sua profissão e vida e nunca fala com a mãe ou passa tempo com ela. Se você lhe perguntasse sobre seu relacionamento com ela, o rapaz responderia: “Não, não tenho nada que ver com ela pessoalmente. Mas sempre digo a verdade, trabalho duro e cuido dos pobres. Tenho vivido de forma correta; isso é tudo o que importa, não?”.

Duvido que você se desse por satisfeito com essa resposta.

Não basta levar uma vida moral correta como desejava sua mãe sem manter um relacionamento com ela.

O comportamento dele é condenável porque, na verdade, ela lhe dera tudo que tinha.

Mais do que apenas uma vida correta, o filho lhe deve seu amor e lealdade.

Se existe um Deus, você lhe deve muito mais do que uma vida decente no sentido moral.

Ele merece ocupar o centro de sua vida.

Mesmo que seja alguém bom, caso não permita Deus ser Deus em sua vida, você é tão culpado quanto Nicodemos.

Você está sendo seu próprio salvador e senhor.

Vida moral e ética não salva.

Vejo muitas mensagens para pessoas mortas.

Desejando que estejas nos céus porque foram pessoas boas.

Mas pessoas boas e morais não ganham os céus. É preciso mais que isso.


Conclusão:


Qual a solução? Precisamos parar de recorrer a falsas formas de salvação.

Se edificar sua vida em cima de uma carreira profissional, ou do cônjuge, ou do dinheiro, ou da moral, e eles fracassarem, não haverá esperança para você.

Sabe por quê? Porque todos os outros salvadores exceto Jesus Cristo não são de fato salvadores.

Se sua carreira fracassar, ela não o perdoará. Ela simplesmente o punirá com desprezo próprio e vergonha.

Jesus é o único salvador que o satisfará, caso você o abrace, e que o perdoará, caso você falhe com ele.

Sua carreira e seu desempenho moral, ao contrário, não podem morrer por seus pecados.

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