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Contra o dispensacionalismo

 

Introdução:

     Esse é um tema que tem dividido o povo de Deus e levado pessoas a interpretarem a Bíblia de forma errada. Após 18 séculos surgiram pessoas que resolveram reinterpretar as Escrituras. Por todo este tempo, acreditam os dispensacionalistas, que a interpretação Bíblica estava errada. 
     A doutrina dispensacionalista surgiu para confundir o povo de Deus. A Bíblia era facilmente lida e interpretada (com poucas exceções) por qualquer pessoa. Leigos conseguiam extrair da Bíblia seus ensinos fundamentais. Uma história com apenas um povo, um caminho para salvação e um mediador. Não era necessário ficar imaginando (forçando) para tentar entender que existiam textos para Israel e textos para a igreja. O dispensacionalismo faz confusão na cabeça do leitor a obrigá-lo a separar textos do NT que são para Israel e outros textos que são para Igreja. Confusão!!!
     Deus em sua soberania criou o universo com a intenção de separar um povo para Si. Escolheu apenas um povo, uma única maneira de salvação (fé) e um só mediador (Cristo). Não existe diferenças entre judeus e igreja. Existe apenas um povo escolhido que estão entre os judeus e a igreja. O dispensacionalista insiste em separar o povo de Deus. A questão não é e nunca foi em Israel e Igreja. A questão é entre o povo escolhido e os não escolhidos. No VT o povo escolhido era representado por Israel (parte) em virtude de preservar a descendência do Messias. No NT esse povo foi ampliado para todos os povos que manifestasse fé em Cristo. Porém, continua sendo o mesmo grupo de escolhidos por Deus desde a fundação do mundo. É simplesmente lamentável a postura de pessoas que querem fazer confusão e diferenças entre os escolhidos de Deus criando uma classe especial de Judeus.
     Ora! A maioria dos judeus rejeitaram a Cristo em sua vinda, por que ainda assim eles teriam uma nova oportunidade? Sempre se mostrou rebelde, descumpriam a aliança, rejeitavam a Deus e mataram Jesus e mesmo assim os dispensacionalistas acham que eles merecem outra chance. A Bíblia diz que eu sou bem-aventurado porque não vendo eu cri. Os judeus viram e não creram, então não são bem-aventurados.
     Para complicar ainda mais as coisas os dispensacionalistas vêm a todo momento modificando suas doutrinas. Para amenizar e esconder seus graves erros eles precisam mudar a todo instante. Hoje sabemos que existem, pelo menos, três tipos de dispensacionalismo. Clássico, progressivo e revisado. Isto por si só, mostra que não tem base sólida nenhuma nas Escrituras. São meras interpretações forçadas para tentar atingir seus objetivos. Uma doutrina estranha e confusa não prospera. 
     O movimento chamado de dispensacionalismo surgiu em meados do século passado na Inglaterra, através do grupo que levou o nome de Irmãos ou Irmãos de Plymouth, por ter nesta cidade seu quartel general. Seu principal expoente foi John Nelson Darby (1800-1882), um irlandês que, insatisfeito com a Igreja Anglicana, da qual era ministro, juntou-se ao grupo dos Irmãos em 1827. A característica principal desse grupo foi a ênfase que deu às reuniões semanais de estudo bíblico e celebração da Ceia do Senhor, associada a um desprezo por qualquer tipo de organização denominacional ou forma de culto. Os Irmãos rejeitavam qualquer sistema clerical ou de classe ministerial, insistindo que estavam regressando à forma simples de culto e governo eclesiástico dos apóstolos.

Interpretação Literal das Escrituras

     As profecias feitas no VT, com relação a Israel, deverão se cumprir literal e incondicionalmente em Israel, como nação ou povo terreno. Nenhuma promessa do VT, portanto, se refere à Igreja, pois isto viola o princípio da literalidade. As profecias do VT devem ser sempre entendidas sob a perspectiva do VT; Exemplo: Se o VT diz que Israel vai possuir a terra prometida para sempre significa que a nação de Israel (povo judeu) deverá ter como possessão perpétua aquela porção geográfica do Oriente Médio.

Uma divisão Entre o Israel e a Igreja

  Israel significa Israel e Igreja significa Igreja. O dispensacionalista nega qualquer relação entre o Israel do VT e a Igreja do NT e chega mesmo a dizer que não há no VT uma profecia sequer que se refira à Igreja.

A Igreja É um Parêntese Imprevisto no Programa Judaico

  A era ou período da Igreja não foi previsto na profecia do V. T. e só foi inserido no programa divino devido à rejeição do Messias pelos judeus. Não tivessem os judeus rejeitado a Jesus, a era do reino judaico teria começado na primeira vinda de Cristo. Com a rejeição, houve um intervalo ou interrupção no programa judaico para que a Igreja tivesse a “sua vez”, devendo esse programa ser retomado logo após o arrebatamento, ou seja, no fim da dispensação da Igreja.

Dispensações:

1ª) Da Inocência, que começou com a criação de Adão, e terminou com a sua expulsão do Éden;
2ª) Da Consciência, que começou com a expulsão do Jardim (consciência do bem e do mal) e terminou com o dilúvio;
3ª) Do Governo Humano, que começou com o dilúvio e terminou com a confusão das línguas;
4ª) Da Promessa, que começou com Abraão e terminou com a escravidão no Egito;
5ª) Da Lei, que começou no Sinai e terminou com a expulsão de Israel e Judá da terra de Canaã;
6ª) Da Graça, a atual, que começou com a morte de Cristo e terminará com o arrebatamento da Igreja;
7ª) Do Reino, que começará com a Segunda Vinda de Cristo e terminará com o juízo do Grande Trono Branco – é também chamada de Dispensação do Milênio.

Textos usados:

1 Co 10:32 diz: “Não vos torneis causa de tropeço nem para judeu, nem para gentios, nem tão pouco para a igreja de Deus”. A simples menção de três grupos aí é suficiente para um dispensacionalista concluir que a própria Bíblia divide a humanidade em três partes distintas.

“Manejar bem a palavra da verdade” (2 Tm 2:5), conforme a interpretação dispensacionalista, é estudar a Bíblia desta maneira, dispensacionalmente. 

Dispensacionalistas e as setenta semanas de Daniel 9:24-27

1.    O decreto para restaurar e reconstruir Jerusalém (v. 25) foi emitido em 445 a.C. por Artaxerxes (Neemias 2:1-8).
2.    Os sete ‘setes’ e os sessenta e dois ‘setes’, quando entendidos como 483 anos de 360 dias cada, terminam um pouco antes da morte de Cristo.
3.    Entre o fim da sexagésima nona semana e o começo da septuagésima semana, há uma lacuna de tempo indefinida, durante a qual o relógio profético é parado para Israel e para início da era da igreja.
4.    Toda a septuagésima semana é futura e começará quando um líder político fizer um “pacto” (aliança) com o povo de Israel.
5.    No começo da septuagésima semana, o arrebatamento de todos os crentes ocorrerá.
6.    No meio dessa septuagésima semana, o líder político suspenderá os sacrifícios num templo reconstruído, e um período de grande tribulação começará em Israel.
7.    A septuagésima semana termina com a segunda vinda de Cristo.

Observações contrárias:

1. As setenta semanas do versículo 24 são 490 anos. Essas setenta semanas são divididas em três períodos: sete semanas (49 anos), sessenta e duas semanas (434 anos) e uma semana (7 anos). Esses períodos de tempo foram especificados para que Daniel pudesse “conhecer e discernir” o cumprimento de tempo envolvido, assim como tinha discernido o cumprimento de tempo na profecia de Jeremias (9:2). Tal discernimento é impossível se um intervalo indefinido existe entre a sexagésima nova e septuagésima semana – especialmente quando esse intervalo, como os dispensacionalistas insistem, já é mais de quatro vezes maior que o próprio período das setenta semanas.

2. É possível que o decreto de Artaxerxes em Neemias 2 seja o decreto mencionado por Daniel no versículo 25. A despeito de se é esse decreto ou outro das opiniões sugeridas, o ponto dessa declaração é que uma quantidade específica de tempo passará entre o decreto e a vinda do Messias.

3. As seis coisas a serem realizadas durante os 490 anos (v. 24) foram todas cumpridas no primeiro século.
a. Cessar a transgressão. A rebelião pecaminosa de Israel contra Deus teve o seu clímax em sua rejeição e crucificação do Messias (Mt. 21:33-45; Atos 7:51-52).
b. Dar fim aos pecados. Os pecados de Israel foram reservados para punição até a geração que rejeitou o Messias (Mt. 23:29-36).
c. Expiar a iniquidade. Isso foi cumprido na morte expiatória de Cristo (Hb. 2:17; 9:12-14, 26; 1 João 4:10).
d. Trazer a justiça eterna. Isso foi realizado através da obra redentora de Jesus (Rm. 3:21-22).
e. Selar a visão e a profecia. Os olhos e ouvidos dos judeus foram “selados” para não entender as profecias de Deus (cf. Is. 6:9-10; 29:10-11; Mt. 13:11-16; João 12:37-41).
f. Ungir o Santíssimo. Isso foi cumprido por Cristo (um nome que significa literalmente “o Ungido”) de várias formas (cf. Lucas 4:18-19; Hb. 1:9; 9:22-28).

4. Após as sete semanas e as sessenta e duas semanas, que implicariam um tempo durante a septuagésima semana, o Messias é “cortado”. Isto é, ele sofre a pena de morte. Num ponto (não especificado) após o corte do Messias, a cidade e o santuário são destruídos. A destruição de Jerusalém (v. 26-27) no ano 70 d.C. foi uma consequência da rejeição e crucificação de Cristo.

5. Aquele que confirma uma aliança no versículo 27 é o Messias no versículo 26. Que o antecedente de “ele” não é o “príncipe” do versículo 26 é confirmado de várias formas: a. A palavra “príncipe” nem mesmo é o assunto da sentença no versículo 26. O assunto principal é o Messias. b. O “fim” no versículo 26 é o “fim da destruição”, não o “seu” fim.

6. O Messias cumpriu ou confirmou as estipulações do antigo pacto, e a obra pactual de Cristo foi direcionada aos muitos (judeus fiéis) por quase exatamente sete anos, ou uma semana. Os três anos e meio do ministério de Cristo foram focados primariamente sobre os judeus (Mt. 10:5; 15:24), e por aproximadamente três anos e meio após sua morte e ressurreição, o ministério dos Seus apóstolos foi focado quase exclusivamente sobre os judeus (Atos 1:8; 2:14; Rm. 1:16; 2:10). 8. Cristo colocou um fim aos sacrifícios por seu sacrifício de uma vez por todas na cruz (Hb. 8-10; esp. 10:8, 9, 12).

7. O texto de Daniel, embora forneça uma declaração clara dos eventos que marcam o fim da sexagésima nona e o meio da septuagésima semana, não diz nada sobre um evento marcando o fim da septuagésima semana. Portanto, não é necessário encontrar tal evento na Escritura nem na história.

Perguntas aos que creem num Rapto Pré-Tribulacional

1. Se TODOS seremos transformados num momento, num abrir e fechar de olhos, como será possível que permaneçam escolhidos ou santos para serem transformados depois, no final da tribulação?

2. O que acontecerá com os crentes que morrerem durante este período de tribulação, ou que chegarem ao final da tribulação com vida? Serão imediatamente transformados os mortos? E então, com os vivos, o que se passará? Serão então arrebatados e transformados com um segundo grupo?
Não há base para tal crença. A Bíblia fala de um único rapto e não de dois, e de “uma só ressurreição (para vida)” (Apocalipse 20:5), não de duas; e esta ressurreição acontecerá no último dia” (João 6:39;40;44;54).

3. Quem são estes escolhidos? E se são escolhidos, por que permanecerão na terra e não foram no rapto?
Haverá falsos Cristos e falsos profetas enganadores no tempo da grande tribulação e tentarão enganar os escolhidos. Mateus 24:21,24.

4. Se a igreja é arrebatada antes da tribulação, quem pregará o evangelho do reino em todo o mundo?
Romanos 10:13-14,17 diz: “Porque: Todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo. Como pois invocarão aquele em quem não creram? e como crerão naquele de quem não ouviram falar? e como ouvirão, se não há quem pregue?... De sorte que a fé é pelo ouvir, e o ouvir pela palavra de Deus.” Alguns responderão que serão aqueles que ficarem que pregarão; outros têm dito que Deus terá um grupo reservado na terra para tal tarefa e outros dizem que serão os anjos. Ao que perguntamos:

     Como é possível que os que não creram enquanto o Espírito Santo estava lhes dando poder e valor, possam estar agora diante da maior perseguição de todos os tempos pregando?

     Nem sequer os apóstolos puderam sair a pregar sem que antes viesse o Espírito Santo. Alguns dizem que quem pregará serão os 144 mil selados que aparecem no livro de Apocalipse; porém, a Bíblia não diz que eles serão pregadores, e ainda que pudessem ser, isso é somente uma conjectura sem respaldo bíblico.

5. Providencie um texto bíblico onde diga que as bodas do Cordeiro ou as ceias durarão sete anos?
De acordo com a doutrina pré-tribulacionista, a igreja estará no céu celebrando as bodas do Cordeiro, enquanto os sete anos de tribulação estarão se passando sobre a terra.

6. Providencie um texto bíblico onde diga que as bodas do Cordeiro começarão sete anos antes da segunda vinda de Cristo.

7. Demonstre através da Bíblia que a grande tribulação durará sete anos.

8. Como é possível que a vinda do Senhor para redimir Seu povo seja em secreto e que ao mesmo tempo todos a vejam?
A vinda do Filho do Homem para Seu povo não será em secreto. Em Lucas 21:27-28, JESUS nos diz (leia com atenção):
“E então verão vir o Filho do homem numa nuvem, com poder e grande glória. Ora, quando estas coisas começarem a acontecer, olhai para cima e levantai as vossas cabeças, porque a vossa redenção está próxima”.

9. O arrebatamento parcial (a maioria dos pré-milenistas crêem nele): não lhes recorda esta segunda oportunidade o ensinamento da heresia Católica Romana do purgatório, o qual é uma segunda oportunidade para os mortos pagar expiação por seus próprios pecados?
Esta crença ensina que somente os crentes que forem dignos serão arrebatados antes da tribulação, enquanto os que não tiverem sido fiéis terão que passar pela tribulação e deixar que suas cabeças sejam cortadas para poderem ser salvos. Utiliza-se o verso de Hebreus 9:28 para demonstrar que se necessita preparação. É como um tipo de uma segunda oportunidade para os vivos.

10. Como é possível que, sendo novos convertidos, meninos na fé e sem o Espírito Santo (que supostamente já não está com os crentes), estes novos cristãos de menos de 3 anos de convertidos, sem igreja, nem pastor, nem mestre que lhes ensine a Bíblia, possam suportar os ataques do Anticristo e serem pregadores?

     Os pré-tribulacionistas ensinam que durante a grande tribulação, os santos da tribulação são aqueles que se convertem a Cristo durante este período. Agora, neste tempo, não há muita perseguição, temos o Espírito Santo, e temos mestres e pastores que ensinam a Bíblia e a maioria não se atreve a dizer a um ímpio “Cristo te ama”.

11. A 69ª semana termina com a entrada triunfal; e a 70ª “está separada das outras 69 por um período indefinido. Por qual razão? Por que a era da Igreja é vista como um parêntesis no plano de Deus? Isto é, o relógio profético parou no domingo da Páscoa e voltará a bater depois do arrebatamento, quando Deus assumir a condução dos negócios com Israel no futuro. Entretanto, não há razão lógica ou exegética para separar a 70ª semana das outras 69 semanas. Não existe nenhuma outra profecia de tempo nas Escrituras que tenha tal vácuo.

12. Como existe um espaço para a entrada da igreja, quando a igreja subir, os judeus devem voltar a viver do modo do AT??

13. Quem garante que ainda existam judeus puros após quase 7.000 anos, sendo vários de cativeiro?

14. Se a salvação é só por meio de Cristo isto não torna todos iguais?

15. Qual a motivação que tem o judeu de se converter agora se ele sabe que terá uma chance ainda depois do arrebatamento?

16. Como era que ficava a situação dos não judeus do VT? E os Não Judeus nos evangelhos?

17. Deus tem três povos? Judeus, igreja e não judeus do VT?

18. Se no VT alguém poderia ser contado com israelita, por que a igreja não é o novo Israel?

19. Qual seria o objetivo de voltarmos para os sacrifícios de animais como memorial da morte de Cristo, após o próprio Senhor ter-nos dado um memorial de sua morte na Ceia do Senhor?

20. É correto dizer que todos os judeus rejeitaram Cristo? Não é essa a base para o parêntese?  

21. Se a maioria dos judeus tivesse aceitado o reino que Cristo estava oferecendo, será que isto não teria eliminado a ida de Cristo à cruz? 

A Igreja e a grande tribulação

     De acordo com o dispensacionalismo, a tribulação depois do arrebatamento da Igreja durará sete anos. Seu propósito é “levar à conversão uma multidão de judeus”[14] que experimentarão o cumprimento da aliança de Israel. A base apresentada para apoiar esse conceito são as passagens de I Tes. 1:10; 5:9; Rom. 5:9; Apo. 3:10.

     Cuidadosa exegese dos textos nas cartas aos romanos e aos tessalonicenses indica que “a ira vindoura” se refere à ira de Deus que destruirá o ímpio por ocasião da segunda vinda conforme indicado em II Tes. 1:7-10. Trata-se, portanto, da manifestação da ira de Deus no juízo final, não da tribulação precedente à vinda de Jesus. Paulo fala de esperarmos “dos Céus o Seu Filho, a quem Ele ressuscitou dentre os mortos, Jesus, que nos livra da ira vindoura” (I Tes. 1:10). É o segundo advento de Jesus, em cuja ocasião o arrebatamento terá lugar, que nos liberta da ira vindoura. Consequentemente, essa ira não pode vir antes do segundo advento.

     A “hora da provação [peirasmos]” em Apo. 3:10 poderia se referir à grande tribulação, mas o texto não diz que o povo de Deus não a experimentará. A frase “Eu te guardarei” origina-se de duas palavras gregas: téréo e ek. Téréo tem o significado de “velar”, “guardar”, “preservar”; e a preposição ek significa basicamente “de”, referindo-se à vinda de alguma coisa ou de alguém. Outra preposição grega–apo–expressa a idéia de separação, “longe de”.

     Em Sua oração sacerdotal, Jesus diz: “Não peço que os tires do [ek] mundo, e sim que os guardes [téréo] do [ek] mal” (João 17:15). Ao orar para que os discípulos fossem guardados do mal, Jesus não estava dizendo que Satanás não poderia tentá-los. Simplesmente pede que o Pai guarde os discípulos em segurança, vele sobre eles, impeça que o inimigo tenha vitória sobre eles.

     Semelhantemente, em II Ped. 2:9, o apóstolo escreve: “É porque o Senhor sabe livrar da [ek] provação [peirasmos] os piedosos....” O apóstolo não está dizendo que o povo de Deus estará longe [apo] da tentação, mas que Ele os livrará dela [ek] em meio ao processo de ser tentado. Da mesma forma, o apóstolo João em Apo. 3:10 não está dizendo que os crentes serão conservados longe da [apo] hora da provação, mas que eles estarão protegidos durante esse tempo.

     Dessa maneira, nenhum dos textos usados para apoiar a idéia de que a Igreja não passará pela grande tribulação está realmente dizendo isso. Na verdade, as Escrituras ensinam claramente que os santos de Deus passarão pela grande tribulação (Mat. 24:9; Mar. 13:11; Luc. 21:12-19; Apo. 13:14-17).

Textos que defendem um só povo.

1.    Romanos 9.6-8: Os pontos mais importantes deste texto são os seguintes: Paulo está falando a respeito dos judeus segundo a carne, da nação de Israel. Conforme o v. 4, deles são as promessas. A questão, porém, é a seguinte: Cristo veio mas a maioria dos judeus o rejeitou e se perdeu. Não recebeu a promessa. A promessa falhou? Se ela era para os descendentes de Abraão, como explicar que tantos deles rejeitaram o Messias? A resposta de Paulo, diferente da que dão os dispensacionalistas para essa pergunta, é a seguinte: “...nem todos os de Israel são de fato israelitas; nem por serem descendentes de Abraão são todos seus filhos; mas: Em Isaque será chamada a tua descendência. Isto é, estes filhos de Deus não são propriamente os da carne, mas devem ser considerados como descendência os filhos da promessa. Porque a palavra da promessa é esta: Por esse tempo virei, e Sara terá um filho...” (vv. 6-9). Esta passagem deve ser lida junto com as de Gálatas 3.6-29 e 4.21-31, especialmente com os vv. 3.8,14,16 e 4.28. A promessa não falhou. Não houve necessidade de mudança no programa divino. Não é preciso esperar o “Reino”. A promessa se cumpriu e continua se cumprindo nos verdadeiros descendentes de Abraão, os crentes. É a mesma promessa com o cumprimento intencionado por Deus, sem qualquer “parada no relógio de Deus” ou qualquer “desvio do comboio do povo de Deus” para que os trilhos fossem ocupados pela “Igreja”. A Igreja, nas suas várias manifestações é o “comboio do povo de Deus” e está como sempre esteve no seu trilho traçado pelo Soberano. “Vós, porém, irmãos, sois filhos da promessa, como Isaque” (Gl 4.28), disse Paulo aos gentios crentes (incircuncisos na carne, conforme a inferência de 5.2,3). Na teologia ou no “Evangelho de Paulo” o cumprimento da promessa feita a Abraão: “em ti serão abençoados todos os povos” está na admissão dos gentios no povo de Deus.

2.    Rm 2.28-29 “Porque não é judeu, quem o é apenas exteriormente, nem é circuncisão a que é somente na carne. Porém, judeu é aquele que o é interiormente, e circuncisão a que é do coração, no espírito, não segundo a letra, e cujo louvor não procede dos homens, mas de Deus”.

3.    Romanos 4.11-16: A fé é a característica distintiva dessa descendência. Mesmo dos judeus literais (de nascimento), é dito que Abraão é pai somente “daqueles que não são apenas circuncisos, mas também andam nas pisadas da fé que teve... antes de ser circuncidado” (vv. 11-l2; cf. Jo 8. 39,56). A passagem também diz que há apenas uma promessa para essa descendência única de Abraão: “ser herdeiro do mundo”, e o meio pelo qual ela é obtida é a fé, não a obediência legal: “Não foi por intermédio da lei que a Abraão, ou à sua descendência coube a promessa de ser herdeiro do mundo; e, sim, mediante a justiça da fé. Pois, se os da Lei é que são os herdeiros, anula-se a fé e cancela-se a promessa” (vv.13-14) O ensino da passagem, portanto, é de que há apenas um pai, apenas uma descendência, apenas uma promessa e apenas um modo de alcançá-la: a fé. A fé é o único modo porque, segundo o mesmo apóstolo, a verdadeira descendência de Abraão é Cristo (Gl 3.l6). Ele é a essência ou o núcleo central dessa descendência, pois somente em Cristo e por Cristo a promessa pode ser cumprida. Se é assim, então somente os que estão em Cristo, sejam judeus ou gentios, no Antigo ou no Novo Testamento, podem ser com ele descendentes de Abraão e reivindicar a promessa.

4.    Romanos 11. 17-24: Aqui Paulo usa a figura da oliveira para representar a Israel (do A.T.). A figura se encontra no próprio A.T., em Jeremias 11.16 e Os 14.6. De acordo com a figura ou ilustração de Paulo, o que aconteceu com os judeus pode ser ilustrado da seguinte forma: alguns ramos da oliveira foram quebrados e uma oliveira brava foi enxertada no meio deles, fazendo parte da raiz e da seiva da oliveira. A oliveira boa é Israel e a oliveira brava são os gentios convertidos. A fusão dos dois tipos de ramos representa a Igreja, formada de judeus crentes (ramos bons que não foram cortados da oliveira boa) e gentios crentes (ramos agora bons que foram cortados da oliveira brava, v. 24). Segundo a figura, nem todos os ramos da oliveira boa foram cortados e os ramos da oliveira brava que foram enxertados, o foram na oliveira boa. Como teria que ser a figura se Paulo fosse dispensacionalista? Todos os ramos deveriam ser cortados da oliveira boa, a qual deveria aguardar em repouso a sua hora de brotar novamente. Nesse intervalo do repouso, Deus plantaria uma nova oliveira, formada de ramos daquela oliveira boa e de uma outra oliveira má, a qual deveria cumprir o seu papel até que fosse arrancada para que a antiga oliveira boa pudesse novamente brotar. É enorme a diferença!

5.    Gálatas 4.1-7: Neste texto Paulo compara o povo de Deus do Antigo e do Novo Testamento a uma criança que está crescendo. No A.T. ela é ainda menor e está sob a tutela da lei. No N.T. já é maior e alcança a posição de filho livre. É outra figura de Paulo para ilustrar o desenvolvimento e a continuidade da Igreja de Deus. No A.T., a criança é Israel, ainda sujeita à lei, como aio (3.23-24). No N.T., a criança está desenvolvida e já é livre. É a Igreja. O ponto importante a ser notado para a nossa discussão do assunto é que em ambas as situações a criança é a mesma. É só uma questão de desenvolvimento, não de substituição. Assim também, o povo de Deus é o mesmo em todas as épocas, sendo as diferenças de situação apenas devidas ao seu estágio de desenvolvimento orgânico e espiritual.

6.    Apocalipse 21.12,14: A relação entre Israel e a Igreja pode ser vista também na figura da Nova Jerusalém, a qual possui representação dos santos de todas as eras, ou melhor dizendo, de ambos os Testamentos. Diz o texto acima: “Tinha grande e alta muralha, doze portas, e junto às portas doze anjos, e sobre elas nomes inscritos, que são os nomes das doze tribos dos filhos de Israel…A muralha da cidade tinha doze fundamentos, e estavam sobre estes os doze nomes dos doze apóstolos do Cordeiro” (vv. 12.14). Esta mesma cidade é chamada de “a noiva, a esposa do Cordeiro” (vv. 2,9,10). A “noiva de Cristo” é a Igreja universal (Ef 5.22-23), também chamada de “corpo de Cristo”. O texto de Apocalipse, então, ensina que os santos do A.T., representados na figura da cidade pelas doze tribos, e os do N.T., representados pelos doze apóstolos, estarão todos numa mesma cidade, formando a “Noiva” ou o “Corpo de Cristo”.

7.    Hebreus 11.39-40, cf. 12.22-24: Novamente encontramos o mesmo ensino da unidade do povo de Deus nos versículos acima mencionados. Desses santos do A.T., mencionados no cap. 11 de Hebreus, é dito que “... todos estes... não obtiveram, contudo, a concretização da promessa, por haver Deus provido cousa superior a nosso respeito, para que eles, sem nós, não fossem aperfeiçoados” (vv. 39-40).

8.    Mateus 21.43: “Portanto vos digo que o reino de Deus vos será tirado e será entregue a um povo que lhe produza os respectivos frutos”. Eis mais um texto que trata desse assunto de continuidade do Reino. A palavra “povo” ou “nação” aqui empregada (e)/qnoj) é a mesma que em 1Pe 2.9 é usada para “nação santa” e certamente se refere à Igreja universal ou “povo de Deus”. A implicação é a seguinte: se Jesus passou para a Igreja o programa que tinha começado com Israel, como Reino, então a Igreja é a continuação do verdadeiro Israel no Novo Testamento.

9.    João 10.16: “Ainda tenho outras ovelhas, não deste aprisco; a mim me convém conduzi-las; elas ouvirão a minha voz; então haverá um rebanho e um pastor”. Este versículo, tão mal interpretado e aplicado nestes tempos de ecumenismo, fala de dois apriscos e dois rebanhos que haveriam de ser unidos em um só, sob a liderança de um só Pastor. Os judeus são chamados no A.T. de “ovelhas de Deus” (Ez 34.7-31) e no N.T., os discípulos são chamados de “pequenino rebanho”:- “Não temais, ó pequenino rebanho; porque vosso Pai se agradou em dar-vos o seu reino” (Lc 12.32). Conforme Jesus ensinou, as verdadeiras ovelhas dentro do rebanho eram aqueles que o reconheceram como o Messias (Pastor Messiânico) e ouviram suas palavras e O seguiram (Jo 10. l4,27). A figura do aprisco, no A.T., é bem significativa para representar Israel, separado das nações gentílicas e, como diz Calvino, cercado que estava com certos muros de ritos e cerimônias “para que não fosse confundido com incrédulos, embora a porta do aprisco fosse o gracioso pacto da vida eterna confirmado em Cristo”.64 As “outras ovelhas, não deste aprisco” são os gentios eleitos pela soberana graça de Deus, os quais, embora ainda não tivessem sido chamados para o verdadeiro aprisco do seu Reino, já eram assim denominados por Aquele que nos amou e nos reconciliou consigo mesmo quando ainda éramos Seus inimigos (Rm 5.10).

Igreja no Antigo Testamento

     A palavra Igreja (Ekklesia) , Literalmente significa, "assembléia ou grupo chamado para fora". Por isso a Igreja é vista como uma assembléia ou reunião dos eleitos, aqueles a quem Deus chama do mundo, separando-os do pecado, para um estado de graça.

     No antigo Testamento a palavra usada para Igreja no hebraico é (qahal). Moisés usa a palavra quando diz ao povo que o Senhor tinha lhe dito “Reúne este povo, e os farei ouvir as minhas palavras, a fim de que aprenda a temer-me todos os dias que na terra viver e as ensinará a seus filhos”. (Dt 4.10).
     A Septuaginta (Versão grega do Antigo Testamento 150 a.C) traduz a palavra reúne (heb qahal) pelo termo grego ekklesiazo, “convocar uma assembléia”, verbo cognato de Ekklesia no Novo Testamento para Igreja.

     “Reúne  (Ekklesiazo) este povo, e os farei ouvir as minhas palavras, a fim de que aprenda a temer-me todos os dias que na terra viver e as ensinará a seus filhos”. (Dt 4.10)
Estevão em seu discurso no livro de Atos fala do povo de Israel do Antigo Testamento como uma Igreja no deserto; “É este Moisés quem esteve na congregação (Ekklesia|) no deserto, com o anjo que lhe falava no monte Sinai e com os nossos pais; o qual recebeu palavras vivas para no-las transmitir.” (At 7.38).

     Também podemos ver Paulo escrevendo aos Galatas (gentios e não judeus) chamando a Igreja do Novo Testamento de o Israel de Deus.

     “E, a todos quantos andarem de conformidade com esta regra, paz e misericórdia sejam sobre eles e sobre o Israel de Deus”. Gl 6.16

     Não tem como olhar para estes dois textos e ver Estevão e Paulo fazendo uma dicotomia, talvez eles teriam que fazer uma observação no texto. Um dizendo que está apenas dizendo de uma reunião no deserto e outro dizendo que a Igreja não é o Israel de Deus, lembrendo que Deus tem um plano para os gentios e outro para os judeus, e que a igreja é um parêntese na história ”.

     Paulo escrevendo aos cristãos gentios de Éfeso diz primeiramente que estavam separados dos judeus: “Naquele tempo, estáveis sem Cristo, separados da comunidade de Israel e estranhos às alianças da promessa, não tendo esperança e sem Deus no mundo”. Ef 2.12-13
     Depois ele diz que foram unidos na mesma igreja e feitos um pelo sangue de Cristo.

     “13 Mas, agora, em Cristo Jesus, vós, que antes estáveis longe, fostes aproximados pelo sangue de Cristo Porque ele é a nossa paz, o qual de ambos fez um; e, tendo derribado a parede da separação que estava no meio, a inimizade,  15 aboliu, na sua carne, a lei dos mandamentos na forma de ordenanças, para que dos dois criasse, em si mesmo, um novo homem, fazendo a paz,  16e reconciliasse ambos em um só corpo com Deus, por intermédio da cruz, destruindo por ela a inimizade.  17 E, vindo, evangelizou paz a vós outros que estáveis longe e paz também aos que estavam perto; 18 porque, por ele, ambos temos acesso ao Pai em um Espírito.  19 Assim, já não sois estrangeiros e peregrinos, mas concidadãos dos santos, e sois da família de Deus”. Ef 2.13-19

IMPLICAÇÕES DA DOUTRINA DISPENSACIONALISTA

1)           O dispensacionalismo ensina que a igreja é um parêntese na história da redenção, ou seja, a igreja não foi prevista em nenhum lugar do VT. Deus parece que só iria tratar com Israel, mas como rejeitaram, abriu um parêntese quase que forçado e não previsto para igreja. Deste modo, se Israel não rejeitasse, não teria igreja (FURADA).

2)           Os dispensacionalistas acreditam que Israel é um povo especial (acepção de pessoas). A igreja é um subgrupo. Sabemos que Deus não tem uma nação especial, mas um povo eleito. A maioria dos judeus não eram eleitos. Praticamente só uma tribo ficou preservada por causa da linhagem de Cristo (Judá). Ou seja, eram os eleitos dentro de uma nação. Israel não tem nada de especial. Apenas a linhagem de Cristo. Essa é a única diferença. No mais, os judeus rejeitaram e mataram Jesus e ainda pediram maldição para seus filhos. Não tem nenhum motivo para dar outra oportunidade para um povo rebelde. (FURADA).

3)           Os dispensacionalistas dizem que Deus tem dois povos (Judeus e igreja). Até o NT eles dizem que tem parte que é para os judeus e outras para igreja. Nesta visão fica uma completa dificuldade para interpretar o NT, pois, o leitor terá que decifrar que parte é para igreja e que parte é para Israel. É uma confusão. (FURADA)

4)           Para os dispensacionalistas nós estamos vivendo no intervalo da sexagésima semana e entrada da septuagésima semana. O tempo total das setentas semanas da profecia de Daniel 9 é de 490 anos. Sendo assim o intervalo já teria mais de 2000. O intervalo é quatro vezes maior que todo o tempo da profecia (FURADA).

5)           Os dispensacionalistas dizem que Cristo vai voltar e levar a igreja para os céus para voltar a tratar com os judeus novamente. Ou seja, é uma segunda chance para os judeus. Eles tiveram a chance de se converter na primeira vinda de Cristo, mas não quiseram. Agora Cristo vai voltar e dar outra chance a eles (FURADA).

6)           Os dispensacionalistas acreditam que Jesus vai voltar e tratar com os judeus novamente, inclusive voltará os sacrifícios e rituais do VT (FURADA).

7)           Os dispensacionalistas não explicam a situação dos judeus que vivem hoje. Eles continuam especiais? Na atualidade Deus tem dois povos? Se eles precisam se converter, ou seja, virar igreja, então Deus só tem um povo na atualidade? Eles podem continuar a sacrificarem e manter rituais do VT já que são diferentes? (FURADA).

8)           Os dispensacionalistas ficam obrigados a dizer que a tribulação será de 7 anos. Onde tem isso na Bíblia? Mostre um texto em que a Bíblia diz que a grande tribulação será de 7 anos? Se o período de tribulação é certo e todo mundo sabe, então dá para fingir acordo com a besta e deixar pra se revelar cristão depois de 6 anos e 11 meses pra não sofrer. (FURADA).

9)           Os dispensacionalistas não explicam de que lado ficam os que se converterem na grande tribulação. Eles serão igreja ou judeus? Se for igreja, então a igreja não foi arrebatada por completo. (FURADA).

10)    A Bíblia fala que na tribulação será tentado enganar os eleitos. Mt 24:24 “Porque surgirão falsos cristos e falsos profetas operando grandes sinais e prodígios para enganar, se possível, os próprios eleitos”. Os dispensacionalistas não explicam se esses eleitos são igreja ou judeus. (FURADA).

11)    Os dispensacionalistas não explicam quem serão os judeus que terão outra oportunidade com Cristo no período da tribulação. Ainda existem judeus puros após quase 7.000 anos, sendo vários de cativeiro e misturas? Serão os que tiverem qualquer descendência de judeus mesmo que distantes e vivam em outros lugares? Serão apenas os que se converterem ao judaísmo?

12)    É correto pregar para um judeu que ele pode se converter agora ou na segunda chance?

13)    É correto dizer que todos os judeus rejeitaram Cristo? Não é essa a base para o parêntese? Os judeus que se converteram no período que Cristo esteve na terra, eles se tornaram igreja, mesmo estando ainda na 69ª semana?

14)    Segundo os dispensacionalistas ainda se cumprirá. Isso implica na tese absurda de dizer que os judeus estavam certos em recusarem a Cristo já que eles devem esperar um Cristo que se sentará no trono de Jerusalém. Nesta conclusão, os judeus acertaram em recusar a Cristo e foi Deus quem errou em mandar um Cristo humilde.   

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