Resposta ao adventista
O Quarto Mandamento
Êxodo 20:8-11 “Lembra-te do dia de sábado, para o santificar. Seis dias trabalharás e farás toda a tua obra. Mas o sétimo dia é o sábado do Senhor, teu Deus; não farás nenhum trabalho, nem tu, nem o teu filho, nem a tua filha, nem o teu servo, nem a tua serva, nem o teu animal, nem o forasteiro das tuas portas para dentro; porque, em seis dias, fez o Senhor os céus e a terra, o mar e tudo o que neles há e, ao sétimo dia, descansou por isso, o Senhor abençoou o dia de sábado e o santificou”.
Deuteronômio 5:12-15 “Guarda o dia de sábado, para o santificar, como te ordenou o Senhor, teu Deus. Seis dias trabalharás e farás toda a tua obra. Mas o sétimo dia é o sábado do Senhor, teu Deus; não farás nenhum trabalho, nem tu, nem o teu filho, nem a tua filha, nem o teu servo, nem a tua serva, nem o teu boi, nem o teu jumento, nem animal algum teu, nem o estrangeiro das tuas portas para dentro, para que o teu servo e a tua serva descansem como tu; porque te lembrarás que foste servo na terra do Egito e que o Senhor, teu Deus, te tirou dali com mão poderosa e braço estendido; pelo que o Senhor, teu Deus, te ordenou que guardasses o dia de sábado”.
A razão para guardar o sábado em Deuteronômio é diferente de Êxodo. A razão para guardar o sábado em Êxodo 20 é porque Deus havia terminado a obra da criação. A razão de Deuteronômio 5 é lembrar da libertação e da salvação do Egito. Enquanto Êxodo fala que guardar o sábado é importante por causa da criação, Deuteronômio diz que é importante guardar o sábado por causa da redenção. Enquanto o sábado era um memorial da criação, o domingo é um memorial da nossa redenção. Enquanto o sábado celebra o fim da obra criada, o domingo celebra o fim da obra redentora. Enquanto o sábado judaico era um descanso da semana de trabalho, o domingo cristão é o momento do ajuntamento solene para a adoração e celebrarmos nossa salvação.
No Êxodo o argumento é a criação, em Deuteronômio o argumento é a redenção. O que isto quer dizer a nós? Isto significa que este é momento para adorarmos a Deus por duas razões: Por causa da sua criação e por causa da sua redenção. Ou seja, a ênfase é muito mais na adoração do que no descanso.
Não há no quarto mandamento nenhuma orientação para cômputo de dias. O que há é a orientação de se trabalhar seis dias e descansar o sétimo. Não há porque se apegar à palavra "sábado", pois, não existia ainda este cômputo. Constitui um verdadeiro legalismo se apegar à letra da Lei e não observar o princípio que compreende o mandamento.
Este mandamento não trata do dia da semana, mas trata do princípio de um dia de descanso em um ciclo de sete dias.
Não há como negar que seria impossível, hoje, todos guardarem o mesmo dia de descanso. Tudo estaria parado e não teríamos nada funcionando. Seria com certeza um caos total. Por isso o mandamento precisa ser compreendido como princípio e não como letra.
Veja por exemplo o mandamento: “Não matarás”. Sabemos que este é um princípio, pois, a própria Bíblia autorizava o assassinato em caso de legítima defesa. “Êxodo 22.2: "...Se um ladrão for achado arrombando uma casa e, sendo ferido, morrer, quem o feriu não será culpado do sangue".
Também pode ocorrer o homicídio sem intenção que não deve ser considerado uma quebra do quarto mandamento. Por tudo isto, percebemos que o quarto mandamento trata de princípio e não da letra da lei. Assim, então, acontece com todos os mandamentos.
Ainda no seguimento da letra da lei, se for o caso, o quarto mandamento deveria ser cumprido à risca, ou seja, todos nós deveríamos trabalhar por seis dias. Sabemos que tem muitas pessoas que não trabalham por seis dias. Estaria quebrando o mandamento? E aquele que não trabalha? Como cumprir o mandamento, pois, estes não precisariam ter um dia de descanso? Todas estas perguntas nos leva a conclusão que precisamos, sim, olhar o princípio por trás do mandamento.
O mandamento não traz nenhuma exceção no seu contexto. Não adianta falar que Cristo estabeleceu exceções para obras de caridade. Na verdade, creio que Cristo não estabeleceu exceções, mas interpretou o princípio de maneira correta.
Adão foi criado no sexto dia e o sétimo dia foi o segundo de sua existência. Se Adão teve que trabalhar seis dias e logo descansar no sétimo, estaria equivocado por cinco dias no seu cálculo. O sábado não seria o sétimo dia porque havia trabalhado um só dia. O sábado de Adão foi um sábado do segundo dia.
Pelas notáveis razões citadas, as igrejas se reuniam no primeiro dia da semana para observar o grande memorial da morte e ressurreição de Jesus. Era nesse dia que o povo de Deus se encontrava. Atos 20:7 nos diz: "No primeiro dia da semana, estando nós reunidos com o fim de partir o pão..." Coríntios 16:1-2: "Quanto à coleta para os santos, fazei vós também como ordenei às igrejas da Galácia. No primeiro dia da semana, cada um de vós ponha de parte, em casa, conforme a sua prosperidade, e vá juntando, para que se não façam coletas quando eu for".
Para nos ajudar a ver que esta era a norma, vamos chamar como testemunhas alguns dos escritores antigos. Devemos notar que os escritores antigos se referiram ao primeiro dia da semana como "o Dia do Senhor", que é a frase usada por João em Apocalipse 1:10. Enquanto alguns não concordam com isso, geralmente é entendido que o Dia do Senhor é o primeiro dia.
Assim, por exemplo, na Didaquê, livro escrito no primeiro século: "Mas todo Dia do Senhor, reúnam-se e partam o pão, e deem graças depois de ter confessado suas transgressões, para que o seu sacrifício seja puro" (Bercot, 405).
Inácio, no início do segundo século, escreveu: "Não mais observando o sábado, mas vivendo na observância do dia do Senhor" (Bercot, 405).
Justino Mártir, também no segundo século, escreveu: “E no dia chamado domingo, todos os que vivem nas cidades ou no campo reúnam-se em um lugar, e as memórias dos apóstolos ou os escritos dos profetas sejam lidos... mas domingo é o dia em que todos nós reunimos, porque foi no primeiro dia que Deus … fez o mundo. E Jesus Cristo nosso salvador foi elevado dentre os mortos nesse mesmo dia” (Bercot, 405-406).
Tertuliano, no final do segundo século, escreveu: "Nós dedicamos o domingo a nos alegrarmos por uma razão muito diferente da adoração ao sol". Alguns haviam assumido que, porque os cristãos se encontravam no domingo, eram adoradores do sol, o que foi categoricamente negado, é claro. Os cristãos adoram o Filho de Deus, não o sol no céu.
Outras testemunhas dos primeiros séculos testificam o mesmo - o primeiro dia da semana, o Dia do Senhor, foi seu dia regular de reunir e celebrar a morte e a ressurreição de Jesus. Vários referem especificamente que isso estava ligado ao dia em que Cristo ressuscitou.
Desde no Novo Testamento os cristãos recém convertidos juntamente com os Apóstolos guardavam o domingo como dia de reunião e adoração a Deus. Os pais da igreja, os reformadores e todos hoje entendem o princípio do mandamento.
Aqueles que exigem o dia esperam se reunirem no sábado na igreja, mas se esquecem que para isto tem que ter postos de gasolina funcionando para abastecerem seus carros. Tem que haver ônibus para aqueles que não tem transportes. Tem que ter sinais de trânsito funcionando. A energia não pode faltar, a água não pode faltar. Se precisar de médico, os hospitais têm que estarem abertos, como também as farmácias para compra dos remédios. A Polícia tem que dar a segurança. As empresas que fornecem insumos para hospitais devem estar funcionando para não deixar nada parar. Para ligar a televisão, precisa ter alguém trabalhando para rodar os programas. Se ligar a internet, precisa dos técnicos de manutenção. Ou seja, como guardar a letra da lei?
Conclusão:
Como todos os outros mandamentos, o quarto deve ser interpretado como princípio e não como letra da lei. Devemos sim guardar um dia, mas este dia é estabelecido em um ciclo de sete. Hoje nós temos o domingo como descanso de todos. É o dia de reunião e descanso e de cumprir o quarto mandamento. Exigir que seja sábado é não entender os princípios do mandamento e ser LEGALISTA SEM ENTENDIMENTO.
0 Comentários