Quando a esperança tem de aguardar – José
Gênesis 40:1-8
Introdução:
· A história de José é notável e singular. Provavelmente nenhum de nós tenha sido vendido pelos irmãos como escravos e nem preso por acusações falsas.
· Este mundo está repleto de experiências difíceis e decepcionantes, e poucos escapam sem ser por elas feridos.
· O resultado é que facilmente nos identificamos com José nos sofrimentos, encontrando esperança na presença de Deus no meio de todas essas dores.
· Todos nós temos um alvo ou sonho. Sabemos como é duro quando esse alvo bom parece estar quase em nosso alcance e então desaparece de repente.
Desenvolvimento:
· José tinha sonhado em um futuro promissor, porém, foi vendido como escravo. Depois na casa de Potifar foi acusado injustamente e foi parar na cadeia.
· Este capítulo representa o ponto dramático da virada da história de José. Os eventos estão sendo encaminhados para sua redenção.
· No entanto, José teria de enfrentar um longo período de paciência. O que Deus estaria fazendo quando ele nos faz esperar sem que vejamos a sua libertação?
· Por que Deus nos deixaria emperrados em uma situação de sofrimento, quando poderia tão rapidamente resolver todos os nossos problemas? Ele tem um plano melhor que o nosso.
· Este capítulo nos introduz outro par de sonhos, os sonhos do copeiro-mor e do padeiro-mor de Faraó.
· Esses homens não eram empregados humildes, mas pessoas que gozavam tremenda influência devido ao seu acesso pessoal a Faraó. Porém, eles o tinham ofendido.
· Esses homens estavam na prisão por causa de seu pecado verdadeiro contra o mestre, enquanto José, que se recusara a pecar contra Deus e seu mestre (39.9).
· Sendo o copeiro e o padeiro prisioneiros mais importantes, o capitão da guarda designou que José os servisse.
CUIDAR E CRER
· Um dia, ao chegar para trabalhar, José viu que aqueles dos quais ele estava encarregado de cuidar estavam perturbados, e perguntou-lhes o que aconteceu.
· Essa simples pergunta mostra que José está vencendo a primeira tentação que todos nós enfrentamos quando as esperanças são frustradas: parar de importa-se com o próximo.
· Esses homens eram egípcios. José não tinha razão para se ligar a eles. Ele poderia facilmente tê-los deixado com suas preocupações e cuidado só de si mesmo.
· Não é isso que nós fazemos em meio ao sofrimento? O sofrimento nos torna muitas vezes egoístas.
· Desejamos e esperamos que os outros inquiram sobre nossas tristezas, mas a última coisa que queremos é carregar o fardo dos problemas de outrem.
· Mas José via esses homens como seres humanos, e se importou bastante com as preocupações deles.
· Quando ele perguntou a razão para seus rostos tristes, o copeiro e o padeiro lhe contaram que tiveram sonhos perturbadores. A resposta de José aos dois homens, porém, era simples.
· Eles não precisavam de um intérprete profissional de sonhos para explicar o futuro. A interpretação de sonhos era tarefa de Deus, porque ele é que tem o futuro em suas mãos.
· José, portanto, convidou os homens a contar-lhe seus sonhos, para que os pudesse interpretar.
· Encontramos, aqui, José enfrentando e vencendo uma segunda tentação que enfrentamos quando nosso sofrimento vai se aumentando: a tentação de perder a fé em Deus.
· No entanto, apesar de seus desapontamentos pessoais, ele tinha ainda notável fé no poder de Deus. E nós, não lutamos contra isso quando os sofrimentos se alongam?
· Achamos difícil continuar crendo, esperando que a essa altura Deus realmente responda nossas orações ou as orações de outros.
· Se existia alguém com razões para sentir-se abandonado por Deus, com certeza era José. Vendido pelos irmãos, falsamente acusado e enfiado na prisão por um crime que não cometeu.
· Nessas condições que esperança ele ainda teria de ver seus sonhos realizados? José demonstrava fé a ponto de manifestar muita coragem para falar que Deus era dono das interpretações.
· Quando nossas esperanças são frustradas, talvez tenhamos a tendência de nos retrair. Quando minhas expectações da vida são decepcionadas, eu me torno "frustrado".
· A resposta a todas estas circunstâncias revela como está meu coração, assim como a de José revelava o dele.
· Muita gente acredita que o mundo exista para cumprir seus sonhos. Acham que Deus existe para o glorificar e tornar realidade as suas expectativas. Daí a razão de se sentir tão decepcionado e traído.
· Então, os dois homens relataram os seus sonhos. No sonho do copeiro, uma vinha brotou, floresceu e produziu fruto de repente (Gn 40.10).
· O copeiro tomou as uvas, as espremeu no cálice e então deu a Faraó (40.11). José explicou o sonho em seguida: os três galhos eram três dias, após os quais Faraó o colocaria novamente no cargo.
· Encorajado por essa interpretação favorável, o padeiro também começou a relatar seu sonho. O padeiro sonhou que tinha três cestos de pães sobre a cabeça e as aves comiam destes pães.
· A interpretação por José começou exatamente como a do sonho do copeiro. Os três cestos representavam três dias, após os quais Faraó mandaria o enforcar e as aves comeriam sua carne.
LEMBRA-TE DE MIM
· Depois de José prever a soltura do copeiro, ele lhe disse: "Porém Lembra-te de mim, quando tudo te correr bem; e rogo-te que sejas bondoso para comigo, e faças menção de mim a Faraó, e me faças sair desta casa" (Gn 40.14).
· Ao apelar para o copeiro para que use de sua misericórdia, José exibe notável confiança no cumprimento fiel da predição recebida de Deus, dado o aparente fracasso de seus próprios sonhos.
· Coloque-se no lugar de José por um só momento: o que ele poderia ter sentido nos dias que seguiam imediatamente a soltura do copeiro?
· A princípio, deve ter aguardado ansioso cada passo que escutava vindo do corredor, pensando: É agora. Finalmente alguém me tirar dessa prisão!
· Mas depois, certamente houve a lenta percepção que raiou, de que o copeiro havia se esquecido completamente de José.
· As suas esperanças foram cruelmente esmagadas, para então ser mais uma vez dolorosamente esmagadas. Verso 23 “O copeiro-chefe, todavia, não se lembrou de José, porém dele se esqueceu”.
· Apesar da fé, esperança e do amor de José, ele ainda teria mais um tempo passando pela fornalha da aflição.
· Com certeza clamou: "Quanto tempo mais, ó Senhor? Eu já não tenho suportado bastante? O Senhor vai se esquecer de mim para sempre?"
O TEMPO PERFEITO DE DEUS
· O tempo de Deus é absolutamente perfeito. Se o copeiro tivesse lembrado antes de José, teria se lembrado cedo demais.
· Faraó não tinha tido o sonho ainda e por isso, ele não teria interpretado o sonho dele e nem salvo o Egito e todo seu povo da fome.
· Contudo, para que esse plano pudesse progredir, ele teria de experimentar ainda mais injustiça nas mãos dos homens.
· Teria de continuar sofrendo dor não merecida a fim de, finalmente, libertar outros da morte. José teve que suportar o pesadelo da prisão por mais dois anos até que o tempo de Deus finalmente chegasse.
· No entanto, Deus acabaria fazendo cooperar para o bem tudo de mal que José tivesse de suportar. Talvez você esteja exatamente nesta situação agora.
· Ficou esperando aguardando, orando e suportando por longo tempo. Está cansado de esperar que Deus concretize os seus planos e propósitos em sua vida.
· Talvez você também tenha suportado muita dor e quando parecia que suas esperanças finalmente se tornassem verdadeiras mais uma vez elas são despedaçadas.
· Talvez você também tenha de ser lembrado de que o tempo de Deus sempre é perfeito. Não existem acidentes com Deus.
· Talvez não entendamos por que ainda necessitamos permanecer em meio a decepções. Pode até não fazer sentido agora, neste exato momento.
· Ele nunca se esquece de seu povo nem jamais falha em mostrar-nos seu imutável amor. Ele jamais nos deixará nem nos abandonará.
· Um dia José vestiu-se com a mesma roupa da prisão e começou a cumprir as mesmas obrigações de sempre.
· Havia se passados dois anos; copeiro havia sido libertado e as esperanças de José de que fosse lembrado tinham, há muito, evaporado.
· De repente, no meio de seus deveres cotidianos, houve uma convocação urgente: "Corra! Faça a barba! Mude de roupa! Faraó o chamou para sua presença!"
UMA TRANSFORMAÇÃO DRAMÁTICA
· Depois de dois anos, Faraó teve dois sonhos (pois todos os sonhos na história de José vêm aos pares). Em seus sonhos ele viu sete vacas magras comendo sete vacas gordas.
· Faraó acordou, sem dúvida suando frio. Depois disso, Faraó dormiu e sonhou novamente. Desta vez, eram sete espigas gordas que forma devoradas por sete espigas mirradas.
· Nenhum de seus adivinhadores e homens sábios foi capaz de interpretar seus sonhos de modo convincente. Finalmente, essa era a dica para o copeiro lembrar-se de José.
· Tendo enfrentado a mesma necessidade, o copeiro lembrou-se de como José havia interpretado o seu próprio sonho.
CONFIANÇA EM DEUS
· Quando José apareceu diante de Faraó, este o saudou dizendo: "Ouvi dizer, porém, a teu respeito que, quando ouves um sonho, podes Interpretá-lo" (Gn 41.15).
· José poderia ser tentado a se tornar um herói indispensável. Em lugar disso, imediatamente ele corrigiu a Faraó: "Não está isso em mim; mas Deus dará resposta favorável a Faraó" (veja 41.16).
· Assim, Faraó recontou o seu sonho, e José o interpretou: o sonho era visão de sete anos de prosperidade, seguido por sete anos de terrível fome.
O EFEITO DO TESTEMUNHO DE JOSÉ
· O testemunho de José fez com que as pessoas ao redor dele começassem a levar Deus em conta. Agora Faraó precisava de alguém para gerenciar todo mantimento dos tempos difíceis.
· Ele diz: "Acharíamos, porventura, homem como este, em quem há o Espírito de Deus?" (Gn 41 ,38). A fé em Deus que José mostrava era contagiosa e teve impacto até mesmo sobre Faraó.
· Frequentemente, escolhemos ficar calados quanto à nossa fé nas situações em que deveríamos falar, porque não esperamos resposta positiva das pessoas a nossas palavras.
· Tudo aconteceu exatamente conforme José havia dito. Sob sua direção foram armazenados grãos durante os sete anos de ceifas grandes.
· Durante a escassez, não somente os egípcios se alimentaram, mas muitas nações à sua volta.
· À medida que representantes de muitas nações se juntaram aos egípcios ao se curvar diante de José, o palco estava preparado para que seus sonhos se tornam realidade.
Conclusão:
· Depois dessa dolorosa preparação, Deus o usou como bênção às nações. Desta forma, José apontou para além dele mesmo, para o verdadeiro Messias, que ainda estava para vir.
· José apontou adiante para o Cristo, que seguiu o mesmo modelo de sofrimento e então exaltação e aclamação pública.
· Onde encontrar a segurança do amor e cuidado de Deus enquanto lutamos para suportar as provações de hoje?
· Como saber que os seus braços amorosos estão realmente estendidos em nossa direção, e que ele de fato não nos esqueceu, mesmo quando parece que nos está deixando na mesma fossa?
· Somente se reconhecermos a soberania de Deus em nossa vida e confiarmos nele.
· Esta segurança nos capacita a dizer juntamente com Paulo: "os sofrimentos do tempo presente não podem ser comparados com a glória a ser revelada em nós" (Rm 8.18).
· Nada podemos fazer para merecer tal lembrança. Nós merecemos ter o mesmo fim que teve o padeiro, e não o copeiro.
· Pecamos de verdade contra nosso Mestre, e o salário desse pecado é a morte. Contudo, na revirada máxima da providência, aquele a quem apelamos por tal lembrança não foi apenas vendido.
· Foi abusado e aprisionado injustamente; o seu corpo foi pendurado em madeiro, sob maldição, ainda que não tivesse cometido crime algum.
· Foi o meu pecado que o cravou naquela cruz; foi minha dívida que tinha de ser paga. Todas as vezes em que eu me retraí, cheio de ressentimentos, para dentro de mim.
· Ignorando as necessidades do próximo, essas culpas tinham de ser expiadas. Todas as vezes em que insultei a bondade e o poder de Deus, afundado na lama da incredulidade teriam de ser julgadas.
· No final, Deus deu a José a capacidade de reconhecer que os pecados que outras pessoas cometeram contra ele estavam sob o seu controle soberano e cooperariam para o bem de José.
· Que o Espírito Santo conceda também em cada um de nossos corações tal confiança no soberano amor e na graciosa fidelidade de Deus.
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