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SOBRE POLIGAMIA




 
     A cultura é algo criado por Deus e que pode ser aproveitada por cada um de seus servos. Porém, não há como não observar que existem deturpações da cultura com tradições e práticas pecaminosas. Quem abraça esse tipo de cultura o faz porque isso geralmente é a prática da maioria. E é sempre visível que a maioria não se torna padrão daquilo que Deus quer para nossa vida. 

     Neste contexto, não há o que se discutir em relação ao que Deus criou como princípio na criação. Gn 2:24 “Por isso, deixa o homem pai e mãe e se une à sua mulher, tornando-se os dois uma só carne.” Observe o uso do singular nesta frase, ou seja, o homem deve se apegar “à sua mulher” para com ela formar uma só carne, e não “às suas mulheres”, ou seja, Deus deu a Adão uma única esposa, não várias esposas. Deus criou apenas um homem e uma mulher. Este é, sem dúvida, a base para o relacionamento sadio estabelecido pelo criador. 

     Köstenberger diz: “Ainda que, sem dúvida, o Criador tivesse o direito e o poder para criar mais de uma mulher para o homem, Deus intencionalmente fez apenas Eva e revelou seu plano a Adão com as palavras: “Portanto, o homem deixará seu pai e sua mãe e se unirá à sua mulher, e eles serão uma só carne.” A monogamia foi estabelecida na fundação do mundo. Qualquer outra forma de relacionamento se torna fora do normal. Apesar da expressa ordem de Deus “Sede fecundos, multiplicai-vos, enchei a terra” (Gn 1:28), Deus não fez várias mulheres para Adão, mas apenas uma". 

     A cultura se deturpou e os homens começaram a se envolver com mais de uma mulher. Isto era fruto de uma sociedade machista que não aceitava que a mulher tivesse mais de um homem. 

     Podemos observar claramente que todos os relacionamentos poligâmicos trouxeram problemas para a família. Divisão familiar, preferência por esposas e filhos, briga entre irmãos, problemas de herança e vários outros. 

     Para Salomão o fato de ter várias esposas foi algo totalmente negativo para sua vida (1 Reis 11-1-4). Vemos também graves problemas na vida de Abraão por ter aceitado a serva Agar como concubina. Davi também teve sua família totalmente destruída. 

     Quem defende a poligamia vai dizer: “Sim, mas os relacionamentos monogâmicos também têm problemas”. E eu respondo que: “Sim, tem, mas não todos, e com certeza são problemas bem mais fáceis de se resolver”

     O problema fica mais evidenciado quando se fala de amor. Ef 5:25 “Maridos, amai vossa mulher, como também Cristo amou a igreja e a si mesmo se entregou por ela.” Como amar duas, três, quatro, mulheres da mesma forma? Troca-se amor por desejo sexual que envolve estes relacionamentos. 

     Usa-se muito o texto de 2 Sm 12:8 para defender que o próprio Deus deu mulheres a Davi “Dei-te a casa de teu senhor e as mulheres de teu senhor em teus braços e também te dei a casa de Israel e de Judá; e, se isto fora pouco, eu teria acrescentado tais e tais coisas”

     Acredito que este texto não possa ser usado como base para poligamia. Na verdade, entendo que este texto apenas expressa que tudo que Davi tinha vinha de Deus. Tudo o que Davi entendia como sendo bom e que lhe mostrasse como um grande Rei, tinha sido dado pelo próprio Deus. Em tudo Deus tem o seu propósito. Até quando ele nos cerca de bem e de aparentes pecados, isto é pedagógico, mostrando que é tudo um erro de nossos egoísmos. 

     Veja o complemento do texto: Verso 11 “Assim diz o SENHOR: Eis que da tua própria casa suscitarei o mal sobre ti, e tomarei tuas mulheres à tua própria vista, e as darei a teu próximo”. Percebe-se que o próprio Deus irá tomar as mulheres e dar para outro. Adultério??? Não!!! Deus é o dono de tudo e nos mostra a pedagogia do pecado. O fato dEle lhe encher de bênçãos e prazeres podem ser para lhes ensinar como deve ser tratado as situações de armadilhas da vida. Até nossos pecados são pedagógicos. 

     O texto de Romanos é bem claro em dizer que Deus os entregou em seus próprios pecados, não como sendo algo bom, mas para mostrar o erro e as futuras consequências de suas escolhas. 

     Rm 1: 24 “Por isso, Deus entregou tais homens à imundícia, pelas concupiscências de seu próprio coração, para desonrarem o seu corpo entre si”. 

     Pode parecer que Deus aprovou ou sancionou a poligamia, considerando que a lei de Moisés trazia regulamentações referentes a ela e que não há uma proibição direta de Deus contra a poligamia. 

     Deus pode demonstrar a sua vontade sobre um assunto simplesmente registrando os males associados a ele, como é o caso da poligamia. Apostasia, ciúmes, invejas, disputas entre mulheres e filhos acompanham o histórico da poligamia entre os israelitas. A evidência cumulativa depõe contra a poligamia, mesmo que Deus não tenha se pronunciado expressamente contra ela. 

     No novo testamento fica claro que a monogamia é a base de um relacionamento saudável. Embora a vida no período ainda fosse cercada de partidários à poligamia. Não há nenhum texto que possa dar base para a poligamia como sendo autorizada por Deus. O relacionamento de homens com mais de uma mulher sempre foi fruto da corrupção do coração humano e não da vontade de Deus. 

     O próprio Cristo reforça o relacionamento monogâmico. Mt 19:4-5 “Então, respondeu ele: Não tendes lido que o Criador, desde o princípio, os fez homem e mulher e que disse: Por esta causa deixará o homem pai e mãe e se unirá a sua mulher, tornando-se os dois uma só carne?” (não três ou mais). 

     Paulo em sua carta à igreja de Corinto responde a este questionamento afirmando com muita veemência: 1 Co 7:1-2 “Quanto ao que me escrevestes, é bom que o homem não toque em mulher; mas, por causa da impureza, cada um tenha a sua própria esposa, e cada uma, o seu próprio marido.” 

     Se a liderança da igreja deve ser modelo para os demais cristãos, significa dizer que cada crente individualmente deve seguir e tentar possuir as mesmas qualidades dos Presbíteros e Diáconos. 1 Tm 3:2 “É necessário, portanto, que o bispo seja irrepreensível, esposo de uma só mulher, temperante, sóbrio, modesto, hospitaleiro, apto para ensinar...” 

     Tt 1:5-6 “Por esta causa, te deixei em Creta, para que pusesses em ordem as coisas restantes, bem como, em cada cidade, constituísses presbíteros, conforme te prescrevi: alguém que seja irrepreensível, marido de uma só mulher, que tenha filhos crentes que não são acusados de dissolução, nem são insubordinados.” 

     Estes, são escolhidos pela igreja que deve ter em sua membresia vários, se não todos, os homens capazes de serem eleitos para tal ofício. Isto implica que não se trata apenas de qualificações para liderança, mas para todos que querem viver piedosamente em Cristo. Presbíteros e Diáconos são obrigados a possuírem estas qualidades, porém, cada homem individualmente deve almejá-las em toda sua vida, mesmo que nunca sinta o chamado para o ofício. 

     O fato de que a poligamia fosse comumente praticada no tempo do Antigo Testamento não a sancionava; ao contrário, ela foi motivo de séria ruptura na vida familiar, social e religiosa dos israelitas.

     Quando Deus estabeleceu o casamento estabeleceu-o como um relacionamento monogâmico. Deus chama o povo de Israel de adúlteros e o acusa de prostituição, apesar de estarem “casados” com Deus. Se na relação entre Deus e Israel, Deus diz que o povo é um povo polígamo espiritual, e essa é uma das causas do exílio, logo podemos concluir que da mesma forma que Deus condenou a poligamia do povo em seu relacionamento com Ele, misturando-se com as culturas, casando-se com estrangeiros e esquecendo se de Deus, a poligamia no casamento também é condenável e não permitida por Deus.

     Apesar de ser evidente, portanto, que expoentes na história de Israel, (alguns considerados piedosos e outros, ímpios) foram polígamos, o AT comunica inequivocamente que a prática de ter várias mulheres era um desvio do plano de Deus para o casamento. Esse fato é expresso não apenas em versículos bíblicos que proíbem a poligamia de forma inequívoca (cf. Dt 17.17; Lc 18.18), mas também em função do pecado e da desordem em geral produzidos na vida das pessoas envolvidas nessa prática.

     "Apesar do surgimento da poligamia cedo na história de Israel, a monogamia continuou a regra entre os israelitas e a poligamia, a exceção.  A referência feita à mulher virtuosa em Provérbios 31 pressupõe que ela é a única esposa do marido felizardo. Mesmo que Cantares tenha sido escrito por um polígamo, que foi Salomão, transparece claramente dele que o casamento é entre um homem e uma mulher, figura da relação de Deus com seu povo Israel".  Augustus Nicodemus

     Além do risco da apostasia, a poligamia trazia profundos conflitos nas famílias poligâmicas. Havia ciúmes entre as mulheres, que disputavam entre si o amor do marido e competiam em número de filhos (Gn 16.4; 1Sm 1.5-8; Gn 30.1-26). Podemos ainda mencionar a angústia que as mulheres pagãs de Esaú trouxeram a seus pais (Gn 26.34-35). O marido acabava gostando mais de uma que da outra, favorecendo a amada e desprezando sua rival e seus filhos (Gn 29.30; 1Sm 1.5; 2Cr 11.21), o que levou a lei de Moisés, para amenizar esta situação, a estabelecer a lei dos filhos da aborrecida (Dt 21.15-17). Outro problema trazido pela poligamia dos reis de Israel era a briga entre os filhos das diversas mulheres quanto à sucessão, muito bem exemplificada na sucessão de Davi, veja 1Reis 1.

     Como disse Augustus Nicodemus: "Pode ser que nunca venhamos a entender completamente o silêncio de Deus neste assunto, mas uma coisa é certa: ele não significa que o assunto é indiferente para o Senhor e nem que “quem cala consente. Portanto, não há dúvida, em meu entender, que o padrão de Deus sempre foi o casamento monogâmico heterossexual, estabelecido na criação, e que a poligamia do Antigo Testamento foi um desvio deste padrão, em decorrência do pecado que entrou no mundo pela queda de Adão. Em Cristo, Deus restaura o casamento à sua forma original".

     Portanto, não vejo como se defender uma relação sadia na poligamia. A própria mente há de acusar aqueles que tais coisas praticam. Não há como participar de um relacionamento com o verdadeiro amor que não seja apenas entre um casal. Um homem e uma mulher. 



QUE DEUS TENHA MISERICÓRDIA DE NÓS.

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